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Morte da ovelha Dolly é um alerta, diz cientista

Por Agencia Estado
Atualização:

A morte da ovelha Dolly, primeiro mamífero clonado, traz de volta o debate sobre os limites de aplicação da técnica de clonagem. O mesmo método que permite avanços no tratamento de doenças e na produção de órgãos para transplante também abre a possibilidade teórica de copiar seres humanos. Aos 6 anos, Dolly teve de ser sacrificada na sexta-feira, depois de uma vida marcada por envelhecimento precoce e doenças. Com cinco anos e meio, a ovelha começou a sofrer de artrite. Em seus últimos dias, Dolly estava com uma doença degenerativa e incurável nos pulmões. Tanto a artrite quanto o problema pulmonar são característicos de ovelhas mais velhas, de 12 anos. Os problemas de saúde de Dolly levantam dúvidas sobre a possibilidade prática de copiar a vida. "Eu acredito que a Dolly ressalta mais do que nunca a inconseqüência daqueles que querem legalizar a clonagem reprodutiva", disse Alan Colman, um dos cientistas participantes do nascimento da ovelha em 1996. "Seria escandaloso continuar insistindo em clonar seres humanos já que temos conhecimento sobre os efeitos de longo prazo da clonagem." Para a professora de genética Connie Cepko, da Escola Médica de Harvard, a história da Dolly mostra ser possível clonar um animal, mas não um exemplar livre de doenças. "A Dolly foi uma curiosidade e também um sério alerta", afirmou. Na empresa Advanced Cell Technology, em Worcester, seus fundadores Robert Lanza e Michael West disseram que o anúncio do nascimento de Dolly os inspirou a investir em clonagem terapêutica. A idéia é que no futuro células do corpo de um paciente possam ser usadas para curar sua diabete ou produzir órgãos que seriam transplantados sem o risco de rejeição. "O que eu vejo na clonagem é a possibilidade de terapia com células", disse West. "Os alarmistas vêem gente clonando Hitler ou Mussolini." A questão é o uso que se faz dos avanços científicos. "Precisamos de extrema precaução ao aplicar a clonagem em seres humanos", completou Lanza. "Mas defendo a clonagem terapêutica, ou seja, com o intuito de tratar doenças." Colman se orgulha de Dolly. "Ela foi nossa velha menina." Desde seu nascimento, outros animais foram clonados - vacas, porcos, ratos e mais ovelhas. No ano passado, Colman deixou seu cargo de diretor de pesquisas da filial escocesa da PPL Therapeutics, em Edimburgo, que ajudou na clonagem de Dolly. Colman, que se vê como um dos "pais" da ovelha, foi para Cingapura para montar um laboratório. Cingapura tem feitos investimentos agressivos na indústria de biotecnologia.

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