Muçulmanos realizam apelo sem precedentes por paz a cristãos

138 estudiosos muçulmanos enviam carta pedindo paz ao papa Bento XVI e a outros líderes cristãos

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Por PETER GRAFF
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Mais de 130 estudiosos muçulmanos do mundo todo realizaram, na quinta-feira, um apelo em nome da paz e da compreensão entre o Islã e a cristandade, afirmando que "a própria sobrevivência do mundo pode estar em jogo". Em uma carta sem precedentes enviada ao papa Bento XVI e a outros líderes cristãos, 138 estudiosos muçulmanos disseram que encontrar um terreno comum para as duas maiores crenças do mundo não se resumia à questão de manter um diálogo educado entre líderes religiosos. "Se os muçulmanos e os cristãos não estiverem em paz, o mundo não pode estar em paz. Diante do terrível arsenal do mundo moderno; diante do fato de os muçulmanos e cristãos estarem entrelaçados em todos os lugares, como nunca antes, nenhum dos lados conseguirá vencer sozinho um conflito que oporia mais da metade dos habitantes do planeta", escreveram os estudiosos. "Nosso futuro comum está em jogo. A própria sobrevivência do mundo está talvez em jogo", afirmaram, acrescentando que o islã e a cristandade já concordavam que o amor de Deus e o amor ao próximo eram os dois mandamentos mais importantes de suas crenças. As relações entre os muçulmanos e os cristãos sofreram um abalo devido aos ataques realizados no mundo todo pela Al-Qaeda e ao fato de os EUA e outros países ocidentais terem invadido o Iraque e o Afeganistão. Uma carta conjunta desse tipo não tem precedentes no islã, que não possui nenhuma autoridade central capaz de falar em nome de todos os muçulmanos. A lista de signatários inclui figuras de todo o Oriente Médio, Ásia, África, Europa e América do Norte. Trata-se de estudiosos sunitas, xiitas e sufistas. A carta era endereçada ao papa, a líderes das igrejas ortodoxas cristãs, ao líder anglicano, arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, e aos chefes das alianças mundiais das igrejas luterana, metodista, batista e reformada. Williams afirmou considerar essa uma boa iniciativa, "um sinal do tipo de relação pelo qual almejamos em todas as partes do mundo". Segundo uma autoridade do Vaticano em Roma, a Igreja Católica não se manifestaria a respeito do documento enquanto não tivesse a oportunidade de lê-lo.

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