Não destruição de embriões é 'empecilho para pesquisas'

Segundo pesquisador Stevens Rehen, limitação no uso de células-tronco deve atrasar avanço brasileiro na área

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Por Giovanna Montemurro
Atualização:

A limitação dos estudos com células-tronco embrionárias a procedimentos que não destruam o embrião oferece "sério empecilho às pesquisas" principalmente no Brasil, diz Stevens Rehen, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro e especialista no estudo de diferenciação neural de células-tronco embrionárias.   Veja também:  Entenda o uso das células-tronco  Veja quem são os 11 ministros do STF   Segundo Rehen apenas um laboratório no mundo já conseguiu realizar com sucesso o procedimento - que retira apenas uma célula do embrião para a pesquisa, mantendo o organismo intacto - e, portanto, não há garantias de que os laboratórios brasileiros consigam reproduzir a técnica. "Nós não conseguimos nem trabalhar com embriões a serem destruídos no final do processo, eu mesmo trabalho com colônias importadas, imagina desenvolver uma técnica ainda incerta. Isso certamente seria um atraso para as pesquisas."   Além disso, o pesquisador ressaltou que seria extremamente improvável que esses embriões chegassem a ser implantados no útero. "Pensando em termos práticos, qual embrião um casal escolheria para implantar: um que foi manipulado ou qualquer outro? No fim das contas, esses embriões manipulados ficariam congelados", afirmou.   Rehen afirmou também que o julgamento causou um certo desânimo na equipe de pesquisa, principalmente entre os estudantes, que têm medo de investir tempo em um pesquisa que, "de um dia para o outro, pode tornar-se ilegal." Ainda assim, o pesquisador disse acreditar que a discussão proposta pelo julgamento é muito interessante para a sociedade brasileira, que passa a reconhecer a importância da comunidade cientifica.   "Nossa expectativa é a melhor possível. Que as pesquisas permaneçam legais e que isso estimule o governo a investir mais nos estudos de células-tronco embrionárias", afirmou.

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