Com telescópio Kepler, Nasa descobre planeta parecido com a Terra

Astro é 60% maior e está localizado a 1.400 anos-luz; cientistas acreditam que esteja posicionado para ter água em estado líquido

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Por Fabio de Castro
Atualização:

Atualizada às 20h10

A missão Kepler, da Nasa, confirmou nesta quinta-feira, 23, a descoberta do primeiro planeta com dimensões semelhantes às da Terra localizado na “zona habitável” de uma estrela parecida com o Sol. Segundo a Nasa, o anúncio é um marco na busca por uma “nova Terra”. 

Representação artística compara a Terra, à esquerda, com o planeta Kepler-452b Foto: Nasa/Reuters

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Considera-se um planeta na “zona habitável” quando ele está a uma distância suficiente de sua estrela para a ocorrência de água líquida em sua superfície - essa condição, segundo os cientistas, seria indispensável para a existência de vida. Lançada em 2006, a sonda Kepler é um telescópio espacial que tem a missão de buscar pequenos planetas habitáveis.

Com a nova descoberta, o número de exoplanetas - planetas fora do Sistema Solar - encontrados pela missão Kepler chega a 1.030. Mas o novo planeta, batizado de Kepler-452b, é o menor já descoberto até agora na “zona habitável”. 

“O que faz o Kepler-452b se destacar é que se trata possivelmente de um planeta rochoso, como a Terra, com uma distância orbital que possibilita a existência de água e, principalmente, o fato de estar próximo de uma estrela quase idêntica ao Sol”, disse ao Estado o cientista da missão Kepler Jeff Coughlin.

Além do Kepler-452b, a Nasa anunciou também a descoberta de mais 11 pequenos planetas que podem estar na “zona habitável” de suas estrelas.

O Kepler-452b tem diâmetro 60% maior que o da Terra e é classificado como uma “super Terra”. Embora sua massa e composição ainda não tenham sido determinadas, estudos anteriores sugerem que planetas do tamanho do Kepler-452b têm boa chance de serem rochosos. A órbita dele é apenas 5% mais longa que a da Terra: um ano no novo planeta dura 385 dias. A distância do planeta em relação à sua estrela, chamada Kepler-452, também é apenas 5% maior que a distância entre Terra e Sol.

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A estrela Kepler-452 tem 6 bilhões de anos - 1,5 bilhão mais antiga que o Sol -, tem a mesma temperatura, mas é 20% mais brilhante e tem um diâmetro 10% maior. 

A localização do Kepler-452b, no entanto, dificulta a busca de mais detalhes. “Como está a 1.400 anos-luz da Terra, o Kepler-452b aparece muito esmaecido para nós e será muito difícil conseguir mais informações sobre ele”, disse Coughlin. Segundo o cientista, novas missões da Nasa, planejadas para os próximos dois anos, deverão encontrar planetas semelhantes mais próximos da Terra. “Como suas estrelas aparecerão mais brilhantes, esperamos conseguir mais detalhes. Vamos começar a saber mais sobre suas atmosferas e poderemos buscar o que realmente queremos: água líquida”, disse.

De acordo com Coughlin, um dos principais objetivos da missão Kepler é avaliar o quanto planetas na “zona habitável” são comuns na Via Láctea. “Estimamos que um quarto das estrelas da nossa galáxia pode ter planetas semelhantes a esse. O próximo passo será encontrar aqueles que estão mais próximos de nós”, disse o cientista.

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Primo maior. Mesmo que ainda seja impossível saber mais detalhes sobre o novo planeta, pesquisadores da Nasa ficaram animados com a descoberta. “Podemos pensar no Kepler-452b como um primo maior e mais velho da Terra, que nos fornece uma oportunidade para entender e refletir sobre o ambiente em evolução da Terra”, disse Jon Jenkins, líder da equipe de análise de dados da missão Kepler. “É inspirador considerar que esse planeta passou 6 bilhões de anos na zona habitável de sua estrela, mais que a Terra. O planeta tem todos os ingredientes e condições necessárias para a existência de vida.”

Para confirmar a descoberta e determinar melhor as propriedades do sistema Kepler-452, a equipe realizou observações em solo no Observatório McDonald, na Universidade do Texas, no Observatório Fred Lawrence Whipple, no Arizona, e no Observatório Keck, no Havaí. O artigo que descreve os resultados da pesquisa foi aceito para publicação no Astronomical Journal. Nos últimos seis anos, a missão Kepler descobriu 4.661 candidatos a exoplanetas. Novas análises confirmarão se eles são de fato planetas.

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