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Navio com urânio enriquecido atraca no porto da Bahia

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma complicada negociação envolvendo a alta administração do Ibama, órgão federal responsável pela política de meio ambiente do governo, e a Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), permitiu que o navio dinamarquês Jens Nu Munk atracasse no porto de Salvador, carregando um material radiativo de 40 toneladas de urânio enriquecido. A operação foi concluída somente na madrugada de hoje, seis horas depois de o comando da embarcação solicitar permissão para atracar. A missão de transportar o urânio enriquecido da Europa para Resende, no Rio de Janeiro, preocupou as autoridades ambientais baianas porque o Porto de Salvador não tem qualquer equipamento que o capacite a receber este material sem maiores riscos para a população. Inicialmente, a superintendência regional do Ibama ameaçou aplicar as penalidades, que chegam até a punição de multa de R$ 50 milhões porque o porto não estava preparado para a carga, considerada perigosa. No entanto, a solução foi liberar a atracação, em uma operação de pouco mais de 40 minutos. O receio de manter o navio fundeado na Baía de Todos os Santos, em razão do impasse, foi maior que o zelo para cumprir a legislação em vigor. O superintendente Júlio Rocha decidiu ceder e a direção da Codeba autorizou a operação. Afinal, caso algum problema ocorresse com o navio, tão próximo ao litoral baiano, os desdobramentos seriam ainda mais graves. Outra ameaça para o meio ambiente, caso o navio não atracasse, seria a armazenagem de cerca de 113 toneladas de urânio produzido na mina de Caetité, no sudoeste baiano. Caso o navio não atracasse, deixaria a carga no porto de Salvador, que conforme o Ibama apurou, em inspeções recentes, não tem qualquer plano de emergência para um caso de acidente na armazenagem do produto. A falta de condições para armazenar o material radiativo foi decisiva para autorizar o navio a atracar e levar o produto para o Canadá, conforme estava planejado. O yelow cake, como o produto é chamado pelos especialistas, em razão de sua coloração amarelada, é extraído e purificado em Caetité, de onde vem em forma de pó, transportado por carretas, até o porto de Salvador. O Canadá transforma o produto em gás antes de ser levado a Europa, onde é enriquecido para gerar energia. O urânio enriquecido volta ao Rio de Janeiro, com o objetivo de ser utilizado na fábrica da INB em Resende. Lá, vira dióxido de urânio como forma de combustível para o funcionamento das usinas de Angra I e Angra II, no município de Angra dos Reis.

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