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Nervos podem ser regenerados, mostra pesquisa

A pesquisa está nos estágios iniciais, mas tem tudo para funcionar em seres humanos, já que as proteínas e o mecanismo de inibição são iguais

Por Agencia Estado
Atualização:

Cientistas da Universidade de Yale superaram uma importante barreira biológica à regeneração de células nervosas, abrindo nova possibilidade para que vítimas de trauma, derrames e doenças degenerativas recuperem os movimentos. Camundongos que tiveram metade da medula espinhal cortada voltaram a andar em menos de quatro semanas após a aplicação de uma molécula peptídica chamada NEP1-40. Criada em laboratório, ela bloqueia a ação da proteína Nogo-66, que inibe o crescimento de nervos danificados. Cerca de 5% das fibras cortadas nos camundongos cresceram mais de 1 centímetro com o tratamento. "Normalmente, essa regeneração seria zero", disse o pesquisador Stephen Strittmatter, que coordena o estudo. "Os animais não tinham força nem muita coordenação, mas recuperaram os movimentos. Se removermos os obstáculos bioquímicos, está claro que as células nervosas podem se regenerar." A NEP1-40 é um fragmento da Nogo-66 que se encaixa no sítio receptor dos nervos, impedindo a ação da proteína sobre a célula. Camundongos que não receberam o tratamento também recuperaram parte dos movimentos, mas com muito mais lentidão. Isso ocorre porque, nesses animais, as células da medula espinhal têm certa independência do cérebro e podem assumir novas funções por conta própria. Em uma escala de recuperação de 1 a 21, os camundongos tratados com o peptídio tiveram nota 13 e os do grupo controle, 10. A pesquisa está nos estágios iniciais, mas tem tudo para funcionar em seres humanos, já que as proteínas e o mecanismo de inibição são iguais. Ainda é preciso analisar possíveis efeitos tóxicos da NEP1-40. "Também queremos saber quanto tempo podemos esperar para administrar o tratamento. Nos camundongos, injetamos o peptídio imediatamente após cortarmos a medula, o que seria difícil no homem", disse Strittmatter. O trabalho foi publicado na revista Nature.

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