Nova espécie de lambari pode disputar mercado da sardinha

Pesquisa da UFSCar descobriu dois novos peixes na Serra da Mantiqueira

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Por Agencia Estado
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Uma nova espécie de lambari descoberta na região de Campos do Jordão é forte candidata para substituir a sardinha no cardápio brasileiro, segundo pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O peixinho, de 12 cm, é perfeito para exploração comercial: cresce rápido, é resistente, se reproduz facilmente, come praticamente qualquer coisa e é bastante saboroso. "Enlatamos alguns e eles ficaram deliciosos", garante o pesquisador Orlando Moreira Filho, que coordena o projeto. "Em alguns anos teremos problemas com a pesca da sardinha e o lambari pode ocupar esse espaço no mercado." Moreira Filho descobriu o peixinho de dorso esverdeado no alto da Serra da Mantiqueira, que divide as bacias dos Rios Sapucaí e Paraíba do Sul. Há um ano e meio a equipe do Laboratório de Citogenética do Departamento de Genética e Evolução da UFSCar pesquisa a fauna da região, em colaboração com o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Análises genéticas e morfológicas confirmam tratar-se de uma nova espécie, que já despertou o interesse dos produtores. "Ele pode ser criado em qualquer tanque", afirma Moreira Filho, que negocia parcerias com o setor privado para iniciar cultivos experimentais da espécie nos próximos meses. "Sua capacidade de adaptação é incrível." O lambari pode ser encontrado em águas alcalinas e ácidas, e de temperaturas que variam de -10 ºC a 28 ºC. Abudante na região da serra, a espécie leva de três a quatro meses para chegar ao tamanho adulto. "O volume de carne é muito maior do que em outros lambaris", acrescenta o cientista. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), o projeto também identificou, nas mesmas águas, uma nova espécie de peixe da família Parodontidae, conhecido com "canivete". Espinhudo e difícil de pescar, não interessa nada à indústria, mas muito à ciência. Apesar de conviver com um parente próximo, o P. tortuosus, os dois peixes vivem em isolamento genético. Ou seja, não se cruzam. "Caso se misturassem, uma das duas espécies iria sumir. A tendência é preservar a identidade genética da espécie", explica Moreira Filho.

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