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Novos medicamentos disputam vaga deixada pelo Vioxx

Motivos da suspensão do Vioxx A Merck decidiu suspender as vendas e retirar o Vioxx do mercado devido a um estudo clínico. A empresa avaliava a eficácia do medicamento na prevenção de recorrência de pólipos colorretais em pacientes com histórico de câncer e constatou um aumento no risco de eventos cardiovasculares, como enfartes e derrames, após 18 meses de tratamento em relação aos pacientes que receberam placebo. A decisão da empresa foi comunicada à Food & Drug Administration (FDA), órgão regulador do mercado de medicamentos e alimentos nos EUA, e à outras entidades reguladoras no mundo, como a brasileira Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Depois de notificada, a Anvisa determinou suspensão cautelar da comercialização de todos os medicamentos que contenham Rofecoxibe, o princípio ativo do Vioxx. A Merck oferece mais informações sobre a suspensão do remédio para médicos e pacientes no site www.msdonline.com.br ou pelo 0800 122232.

Por Agencia Estado
Atualização:

A decisão da Merck Sharp & Dohme de retirar do mercado mundial o antiinflamatório e analgésico Vioxx surpreendeu a classe médica. O medicamento era um dos mais vendidos do mundo. Só no Brasil, 500 mil caixas do medicamento eram vendidas por mês e de acordo com a empresa, era o medicamento mais prescrito no País. A comercialização do Vioxx foi suspensa devido a um estudo da própria Merck no qual verificou-se o risco de problemas cardiovasculares, como enfarte e derrame, em tratamentos prolongados. O remédio era indicado para casos crônicos e agudos de artrite, dores na coluna e cólica menstrual. Recentemente ele havia sido liberado para casos agudos de dor de cabeça. Muitos médicos também utilizavam o medicamento como analgésico em casos de dores de garganta, segundo o reumatologista Daniel Feldman, professor adjunto de reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Feldman explica que existem duas classes de antiinflamatórios. Os mais antigos atuavam pela inibição das COX1 e COX2 e os mais novos, como o Vioxx, são inibidores quase que exclusivamente de COX2. Como a enzima COX1, entre outras funções, é responsável pela proteção da mucosa gástrica e intestinal, os remédios mais novos apresentam menos efeitos colaterais. "O principal objetivo é evitar efeitos colaterais gastrointestinais". Existem outros remédios semelhantes ao Vioxx que continuam no mercado. A própria Merck fabrica o Arcoxia. A Pfizer produz o Celebra e o Bextra. Segundo Feldman, nenhum é exatamente igual ao outro, mas todos são eficazes. "Na prática clínica, eles são bastante eqüipotentes (sic) no controle da dor e inflamação", afirma Feldman. Os pacientes que estavam fazendo uso do Vioxx devem procurar seus médicos antes de interromper o tratamento. De acordo com o gastroentereologista Angelo Ferrari, professor da Unifesp e integrante do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, idosos e pessoas que já tiveram complicações com antiinflamatórios devem estar atentos para evitar lesões no tubo digestivo. Ele explica que os médicos podem orientar seus pacientes a substituir o Vioxx por outro inibidor de COX2 ou por outro antiinflamatório associado a um medicamento para proteger a mucosa gástrica. O Vioxx foi lançado em 1999 e atualmente era comercializado em mais de 80 países. O faturamento mundial do produto em 2003 foi de US$ 2,5 bilhões. No Brasil, a Merck registrou faturamento de US$ 30 milhões com o produto, que possuía 30% da fatia do mercado de antiinflamatórios. Com o anúncio da retirada do medicamento do mercado, as ações da empresa na bolsa de Nova York chegaram a cair 27%. Segundo a assessoria da subsidiária brasileira, a empresa vai investir para que o Arcoxia ocupe a liderança do mercado. Os testes com o Vioxx podem dificultar também a liberação no FDA do Prexige, antiinflamatório da classe dos inibidores específicos da COX2 da Novartis.

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