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O empurra-empurra da morte dos peixes

A assessoria da Secretaria de Estado de Meio Ambiente afirmou que a morte dos peixes foi provocada por fatores naturais

Por Agencia Estado
Atualização:

Os peixes morrem e os políticos brigam. A mortandade de mais de 90 toneladas de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas durante o carnaval transformou-se em pano de fundo para mais uma troca de acusações entre prefeitura e governo do Estado. De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Eduardo Paes, só uma obra de prolongamento do canal do Jardim de Alá, que liga a Lagoa ao mar, poderia resolver o problema. A prefeitura, porém, ainda não obteve licença da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), órgão estadual, para começar a obra. Para o secretário estadual de Saneamento, Luiz Henrique Lima, Paes não entende do assunto e busca apenas se promover em função da disputa eleitoral para o governo do Estado. "Obra para enganar trouxa" Já a assessoria da Secretaria de Estado de Meio Ambiente afirma que a mortandade é um fenômeno natural, do qual há registros desde o século 19, e diz que o governo tem prazo até o início de maio para analisar o projeto da prefeitura. Nesta quarta-feira à tarde, segundo a Feema, a situação da Lagoa já era normal, mas o mau cheiro continuava a impregnar o local. Paes criticou as ações do Estado na área de saneamento e meio ambiente. ?Desde o ano passado estamos avisando que a Galeria de Cintura da Lagoa não vai resolver nada, é história para enganar trouxa em época de eleição. Deu no que deu. Dois dias depois da inauguração voltou a vazar esgoto?, afirmou. Ele disse ainda que a mortandade teria sido causada também pela retirada de lodo do fundo da Lagoa, algo que o Estado sequer começou a fazer. ?Nós avisamos que a retirada de lodo ia provocar mortandade de peixes?, disse. "Linguajar grosseiro" ?É deprimente que uma autoridade municipal use linguajar tão grosseiro buscando aumentar a sua notoriedade, uma vez que vem rastejando nas pesquisas como candidato do PFL ao governo do Estado?, rebateu Lima. O secretário de Saneamento disse ainda que as obras do cinturão sanitário da Lagoa foram realizadas seguindo projeto elaborado por técnicos da prefeitura durante a gestão de Luiz Paulo Conde, antecessor de César Maia. ?A obra estava sendo feita em cooperação com a prefeitura, com recusos do Estado. Quando César Maia assumiu, rompeu o convênio. A prefeitura não faz nada.? Lima afirmou que o governo do Estado investirá R$ 1 bilhão em sua área. Peixes morreram de ´causas naturais´ A assessoria da Secretaria de Estado de Meio Ambiente afirmou que a morte dos peixes foi provocada por um conjunto de fatores naturais: alta temperatura da água, provocando o crescimento rápido de algas que consomem o oxigênio; falta de entrada de água do mar na Lagoa, por causa da maré ocasionada pela lua minguante; ocorrência de ventos, que revolvem o lodo no fundo da Lagoa e liberam gás sulfídrico, letal para os peixes. Segundo a secretaria, ninguém pode dizer que uma determinada obra acabaria com as mortandades. A retirada do lodo, explica sua assessoria, poderia apenas torná-las menos freqüentes.

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