Ongs convocam protesto mundial contra transgênicos

A demanda por esses produtos deve decidir se os alimentos transgênicos vieram ou não para ficar, na avaliação de Neil Harl, economista da Universidade de Iowa

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Por Agencia Estado
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Na próxima quarta-feira, a Kraft Foods, além de outras indústrias alimentícias e supermercados, serão alvo de manifestantes contrários à biotecnologia. Ambientalistas da Friends of the Earth e da GE Food Alert (Alerta contra Transgênicos), a Associação dos Consumidores de Orgânicos e outras ongs estão convocando militantes do mundo todo para protestar e exigir que essas empresas retirem ingredientes transgênicos de seus produtos. A Kraft Foods é a segunda maior indústria alimentícia do mundo, e a primeira do ranking nos EUA. Seus alimentos são vendidos em mais de 140 países. Os ativistas já começaram uma campanha pela internet para que a empresa abandone os transgênicos. Os manifestantes não informaram como serão os protestos de quarta-feira. Ansiedade A demanda por esses produtos deve decidir se os alimentos transgênicos vieram ou não para ficar, na avaliação de Neil Harl, economista especializado em agricultura da Universidade de Iowa. Até que os consumidores do Pacífico Norte e da Europa reduzam sua ansiedade em relação a esses produtos, não importa se os EUA fazem testes rígidos de biossegurança para cada nova patente. Harl afirma que a competição entre transgênicos e não-transgênicos acabará refletindo o que o consumidor quer. No atual momento, a relutância de consumidores em aceitar esses produtos se contrapõe ao entusiasmo dos produtores pela biotecnologia, o que está imobilizando o mercado. Os produtores abraçaram a biotecnologia, mas sofrem com os baixos preços, causados pelo excesso de oferta que esta gera. A lógica da escolha para eles é simples: qualquer método que aumentar a produção ou reduzir os custos será adotado. Os consumidores, no entanto, não encontraram ainda vantagens na redução dos custos de produção pela biotecnologia. Japão Tampouco aceitam a idéia de que a redução do uso de agrotóxicos na produção, por meio de transgênicos, traga benefícios ao meio-ambiente. A grande questão que precisa ser resolvida é se os consumidores estarão dispostos a pagar o preço da segregação dos produtos transgênicos e não transgênicos. Para Harl, a resposta é não. O economista acredita que, em 5 anos, ou a agricultura convencional ou a transgênica terão vencido a batalha. As duas não vão co-existir. Para Harl, o Japão, o maior comprador de grãos dos EUA, vai definir quem vence a parada. "Se os japoneses continuarem resistindo aos produtos geneticamente modificados, o mercado vai virar as costas para a tecnologia", disse. A China também terá papel fundamental: apesar de produzir algodão transgênico, o país criou normas rígidas de certificação para alimentos transgênicos. Na viagem que fará a Pequim em 21 e 22 de fevereiro, o presidente dos EUA, George W.Bush, deve abordar a questão.

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