ONGs discutem preservação da Mata Atlântica no RS

Reunião regional da Rede Mata Atlântica deve definir metas e criar um sistema de cooperação entre as entidades ambientalistas

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Por Agencia Estado
Atualização:

Criar um elo de ligação entre as organizações não-governamentais locais e a Rede de ONGs da Mata Atlântica é um dos principais objetivos do encontro regional que acontece, entre hoje e domingo, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Durante o encontro, representantes das 17 entidades ambientalistas do Estado que fazem parte da Rede deverão definir metas e prioridades para as ações conjuntas e apoio para as novas ONGs, sobretudo no interior. Com 132.070 quilômetros quadrados de seu território originalmente cobertos pela Mata Atlântica, o Rio Grande chegou a ter apenas 5.065 Km2 - 3,83% do que havia - em 1995, segundo levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica. Desde então, uma forte tendência de regeneração tem sido detectada. Segundo o Inventário Florestal Estadual, realizado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), em conjunto com a Universidade Federal de Santa Maria, em 2001, a área florestal do Estado passou de 5,62%, em 1993, para 17,53% , sendo 9,52% no Domínio da Mata Atlântica. ?Esse aumento foi de 22 mil Km2, um estado de Sergipe formado de florestas em regeneração em vários estágios no Estado?, explica Luiz Felippe Kunz, diretor do Departamento de Floresta e Áreas Protegidas da Sema. ?Essa regeneração acontece em áreas agrícolas abandonadas, sobretudo áreas íngremes, onde o rendimento é menor e não é possível mecanizar. Como a maior parte fica em pequenas propriedades e foram abandonadas em períodos diferentes, há matas em vários estágios de regeneração, mas sobretudo em estágio secundário (capoeirão, com árvores de 8 a 9 metros, ainda com troncos finos)?, diz. O mapeamento, feito a partir de imagens de satélite, custou R$ 1,44 milhão e foi checado em campo em 900 pontos, envolvendo uma equipe de 154 pessoas. Segundo a coordenadora da Rede Mata Atlântica no Rio Grande do Sul, Maria Celina Santos de Oliveira, da Associação Ecológica Canela (Assecan), uma das preocupações no Estado tem sido a pressão dos proprietários sobre os remanescentes florestais devido à falta de áreas para cultivo agrícola. O diretor da Sema diz que esse problema é constatado em algumas regiões, como na Serra Gaúcha, onde a atual rentabilidade do setor vinícola faz os agricultores reivindicarem aumento de áreas de plantio sobre as matas em regeneração. Khátia Vasconcelos, da Amigos da Terra, lembra ainda a especulação imobiliária, em áreas turísticas como Gramado e Canela, e as queimadas, como ameaças à Mata Atlântica no Rio Grande do Sul. Para a ambientalista, é importante conhecer bem as metodologias adotadas, para que não se superestime a recuperação florestal no Estado.

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