Países ainda não têm agenda para Rio + 10, diz Feldmann

"Da maneira como está acontecendo, esta reunião vai ser pior do que qualquer outra", ressaltou o secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Fábio Feldmann, que participou da reunião "Diálogo de alto nível sobre desenvolvimento sustentável na Amazônia", em Brasília

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Por Agencia Estado
Atualização:

Faltando sete meses para Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 10, em Johannesburgo, na África do Sul, a maioria dos países ainda não tem uma agenda de políticas definida para proteger o planeta da crescente degradação ambiental. A avaliação foi feita nesta quinta-feira pelo secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Fábio Feldmann, que participou da reunião "Diálogo de alto nível sobre desenvolvimento sustentável na Amazônia", na Granja do Torto, em Brasília. O encontro termina nesta sexta-feira com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso. Promovido pelo Banco Mundial (BID) e pela Fundação Futuro Latino-Americano, a reunião discute estratégias ambientais para a Amazônia que poderão ser levadas à conferência que acontece entre 26 de agosto e 4 de setembro. A Rio + 10 será uma reunião para avaliar os progressos alcançados na Agenda 21, o plano de ação global adotado por cerca de 170 países durante a Rio 92. O objetivo da agenda é proteger o meio ambiente sob o foco do desenvolvimento sustentável, ou seja, fazer proveito da natureza sem devastá-la e buscar a melhoria da qualidade de vida para a sociedade. De acordo com Feldmann, a Rio + 10 está desprestigiada e o processo preparatório ainda é muito incipiente. Por esse motivo, explicou, a comunidade internacional espera que o Brasil assuma a liderança da conferência e mostre a sua importância. "Da maneira como está acontecendo, esta reunião vai ser pior do que qualquer outra", ressaltou. "Mas a expectativa é de que nos próximos meses consigamos reverter esse quadro e o encontro tome a importância que realmente tem." O ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, disse que o Brasil vai à Johannesburgo com a proposta de cobrar as promessas que não foram cumpridas pelas nações desenvolvidas. Na época, estes países se comprometeram a ajudar as nações mais pobres por meio da transferência de recursos e tecnologia, o que não aconteceu. "Os recursos de fontes internacionais continuam privilegiando a preservação do meio ambiente em detrimento das questões que tratam dos centros urbanos." Sarney Filho acredita que os atentados terroristas nos Estados Unidos em 11 de setembro do ano passado podem dificultar ainda mais a ajuda internacional aos países em desenvolvimento. Para ele, as nações desenvolvidas estão mais voltadas aos interesses estratégicos individuais, deixando em segundo plano a cooperação para diminuir a pobreza e a desigualdade no mundo. O Brasil, na avaliação do ministro, foi o país que mais avançou nas políticas ambientais nos últimos dez anos. Citou, como exemplo, o esforço do governo no monitoramento por satélite de queimadas nas áreas mais remotas do país. Por meio desse sistema, o governo diminuiu em 86% a incidência de incêndios em parques e unidades de conservação. Apesar dos avanços no Brasil, Fábio Feldmann afirmou que o mundo continua sofrendo dos males da destruição da natureza. A pobreza e o desmatamento avançaram descontroladamente. A expectativa em 1992 era de que a temperatura do planeta aumentasse entre 1,5°C e 3,5°C em 500 anos. No entanto, constatou-se que nos últimos dez anos a temperatura subiu 1°C. No ano passado, outro estudo constatou que em 100 anos a temperatura poderá subir entre 3,5°C e 5,8°C.

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