Papa diz que entende protestos contra sua visita à Alemanha

Bento XVI disse que é 'lógico que as pessoas se sintam escandalizadas' pelos abusos sexuais por parte de clérigos contra menores

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

 

 

O papa Bento XVI aterrissou nesta quinta-feira, 22, no aeroporto de Berlim para iniciar sua primeira visita de Estado à Alemanha, em viagem que ficará marcada por protestos. O pontífice afirmou que que a pedofilia é um "crime" e afirmou ainda que entende os protestos contra sua visita à Alemanha. Esta é a terceira e a mais desafiadora visita do papa à sua terra natal.

 

PUBLICIDADE

Bento XVI disse que é "lógico que as pessoas se sintam escandalizadas" pelos abusos sexuais por parte de clérigos contra menores, e prometeu que a Igreja trabalhará contra este escândalo. O Pontífice também afirmou que é "normal" que em uma sociedade livre, neste tempo de secularização, haja pessoas que se manifestem contra sua presença.

 

Abusos. Bento XVI fez um apelo aos católicos alemães para que não deixem a Igreja. No país um número recorde de fiéis vem abandonando a instituição em protesto contra os escândalos de abusos sexuais envolvendo padres.

 

No voo que o levou de Roma, ele disse aos repórteres que compreendia por que algumas pessoas, especialmente vítimas e seus parentes e amigos, podiam dizer" "esta não é mais minha Igreja". Mas ele fez um apelo aos católicos para que vejam que a Igreja foi feita tanto do bom como do ruim e que está se empenhando para consertar os erros cometidos em seus quadros.

 

"A Igreja é uma rede do Senhor que pega peixes bons e peixes ruins", disse ele. "Nós temos de aprender a viver com os escândalos e trabalhar contra os escândalos desde o interior da grande rede da Igreja."

 

A Alemanha foi abalada pelos escândalos de abusos sexuais do clero que despontaram pela Europa há dois anos. No ano passado, 181 mil católicos alemães, um número recorde, deixou oficialmente a Igreja, cifra pela primeira vez mais elevada do que a de protestantes que se desligam de suas igrejas e dos batismos no catolicismo.

 

Agenda. O papa acrescentou que o encontro ecumênico que acontecerá amanhã em Erfurt é o "ponto central" de sua viagem, já que os cristãos têm a missão de apresentar a mensagem de Cristo ao mundo. "Os católicos e protestantes devem trabalhar juntos. É um elemento fundamental de nosso tempo secularizado", disse.

Publicidade

 

No primeiro dia, o papa deve oferecer um discurso à tarde no plenário do Bundestag (Parlamento alemão), o que, por protesto, não será presenciado por muitos integrantes da oposição social-democrata, verde e de esquerda.

 

Simultaneamente, foi convocada para o centro de Berlim uma grande manifestação contra a presença do papa na sede do Legislativo alemão. O protesto foi iniciado por organizações homossexuais, mas se viu apoiada por outros grupos laicos e religiosos críticos ao Vaticano.

 

Devido às manifestações contrárias à visita papal, um grande desdobramento policial com mais de seis mil agentes foi formado.

 

Aproveitando sua visita ao Bundestag, o papa terá um encontro com a comunidade judaica em uma das salas do Reichstag, o histórico edifício sede do Parlamento, onde também discursará.

 

A agente do papa prevê, para finalizar o primeiro dia de visita, uma grande missa no Estádio Olímpico de Berlim para mais de 60 mil pessoas. 

 

 

Boas vindas. Às 10h30 locais (5h30 de Brasília), Bento XVI foi recebido ainda na pista do aeroporto pelo presidente da Alemanha, Christian Wulff, e a chanceler federal, Angela Merkel.

 

Pouco após sua chegada, o Pontífice foi recebido com honras de chefe de Estado no Palácio de Bellevue por Wulff, com quem celebrará a primeira reunião de sua viagem de quatro dias à Alemanha, seu país natal.

Publicidade

 

Em seguida, o Pontífice recebeu em audiência privada a chanceler alemã, Angela Merkel, e seu marido, Joachim Sauer, na sede da Conferência Episcopal Alemã, para depois descansar e almoçar com seu séquito na Academia Católica de Berlim.

 

Visita. A visita de Bento XVI continuará amanhã em Berlim com um encontro com representantes da comunidade muçulmana na Alemanha, para pouco depois seguir à cidade oriental de Erfurt, no estado da Turíngia.

 

Em uma jornada de caráter ecumênico, o papa se reunirá na cidade do reformador Martinho Lutero com a cúpula do Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha, com a qual oficiará uma missa conjunta.

 

No sábado, Bento XVI viajará à cidade de Freiburg, onde passará os dois últimos dias de sua viagem, quando realizará vários encontros e missas antes de retornar a Roma, na tarde de domingo.

 

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.