O papa Bento XVI celebrou nesta quinta-feira, 9, na Quinta-Feira Santa, a Missa da Última Ceia na Basílica de São João de Latrão, em Roma, durante a qual lavou os pés de 12 sacerdotes e na qual pediu para que a vaidade, a inaptidão e o mal não se apoderem dos homens.
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Na homilia, Bento XVI lembrou que o sacerdotes são chamados a fazer o que Cristo fez pelos homens, e pediu a Deus "que nossas mãos sirvam cada vez mais para levar a salvação, a bênção e fazer presente (no mundo) sua bondade".
"Peçamos ao Senhor que vigie nossos olhos para que rejeitem e não deixem entrar em nós a vaidade e a nulidade, ou seja, o que só é aparência. Peçamos que através de nossos olhos não entre em nosso corpo o mal, falsificando e sujando nosso ser", afirmou Bento XVI.
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Durante a missa, o papa cumpriu o ritual do lava-pés e, assim como Jesus fez com seus apóstolos, lavou com água os pés de 12 presbíteros, ressaltando que é um gesto de caridade fraterna.
O papa havia determinado que o dinheiro recolhido durante essa missa fosse destinado à pequena comunidade católica do território palestino da Faixa de Gaza.
Antes, Bento XVI havia celebrado hoje a tradicional Missa Crismal, durante a qual abençoou os santos óleos e em cuja homilia advertiu contra a visão que o filósofo alemão Friedrich Nietzsche tinha da liberdade absoluta do homem, que, segundo ele, "leva à soberba destrutiva e à violência".
A Missa Crismal marca o começo do tríduo pascal, centro e ápice do Ano Litúrgico, e celebra a Quinta-Feira Santa, dia em que se lembra a instituição do sacramento da ordem sacerdotal por Jesus Cristo durante a Última Ceia, segundo a tradição cristã.
Assim, durante o rito, realizado no começo da manhã na Basílica de São Pedro do Vaticano, os sacerdotes renovaram as promessas sacerdotais (pobreza, castidade e obediência), e Bento XVI destacou, em sua homilia, o que significa ser sacerdote e suas obrigações.
Segundo o papa, entregar-se a Deus significa representar os outros, um modo de unificação com Cristo e a renúncia a impor a vontade própria.
O pontífice acrescentou que o sacerdócio não significa uma "segregação" e que os sacerdotes devem saber dizer "não" às opiniões nas quais predomine a mentira.
Sobre isso, acrescentou que o pensamento se molda com tudo o que se diz e se referiu ao pensamento do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que, segundo ele, "zombou da humildade e da obediência e as considerou como virtudes servis, que reprimem os homens. Colocou em seu lugar a dignidade e a liberdade absoluta do homem".
"Pois bem, existe uma caricatura de uma humildade e de uma submissão equivocada que não queremos imitar, mas existe também uma soberba destrutiva e uma jactância que desagregam qualquer comunidade e acabam na violência", disse.
Bento XVI convidou os sacerdotes a aprender com Cristo a "reta humildade".
Durante a missa, Bento XVI abençoou o óleo dos catecúmenos, o dos enfermos e o do santo crisma, que foram apresentados em três grandes jarras de prata.
Estes óleos são benzidos na Quinta-Feira Santa pelos bispos e são utilizados para ungir aos que se batizam, os que se confirmam e para a ordenação sacerdotal. O rito acontece em todas as catedrais do mundo.
Bento XVI anunciou que parte dos óleos benzidos por ele será enviada a L'Aquila, cidade italiana atingida pelo recente terremoto que já deixou 279 mortos e destruiu casas e igrejas.
O papa disse que hoje o arcebispo de L'Aquila, Giuseppe Molinari, não pôde se reunir com os fiéis para celebrar a Missa Crismal, devido aos danos causados pelo terremoto à catedral, por isso lhe enviará os óleos.
Amanhã, Sexta-Feira Santa, o papa irá novamente à Basílica de São Pedro para oficiar, à tarde, a celebração da Paixão de Cristo e, à noite, irá ao Coliseu de Roma para presidir a tradicional Via-Sacra.
Na noite do Sábado de Aleluia, Bento XVI realizará na Basílica de São Pedro a Vigília Pascal, a noite na qual a Igreja permanece à espera da ressurreição de Cristo.
No domingo, o pontífice presidirá na Praça de São Pedro a Missa da Ressurreição, após a qual pronunciará a tradicional mensagem pascal e dará a bênção "Urbi et Orbi", à cidade de Roma e a todo o mundo.