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Para Batmanian, Bush quer confundir opinião pública

Secretário-geral do WWF-Brasil diz que o presidente americano ´inventou´ acordo que embaralha números e não contribui para mudar a situação do aquecimento global

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário-geral do WWF-Brasil, Garo Batmanian, disse hoje que o plano apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, visando a redução do aquecimento global "é uma tentativa primária de confundir a opinião pública mundial". Para ele, o chefe do governo americano deveria tomar uma atitude realmente capaz de surtir algum efeito positivo e não propor medidas que não vão provocar mudanças no atual quadro de deterioração do meio ambiente. Em entrevista concedida esta manhã à reportagem da Rádio Eldorado AM-SP, Batmanian declarou que, para que o Protocolo de Kyoto - que não teve a adesão dos Estados Unidos - passe a valer como tratado internacional, é necessária a assinatura de 55 países. "Para que o tratado se torne obrigatório, é preciso a assinatura desses 55 países e, mais importante, que as nações que o ratifiquem representem 55% da emissão mundial de gases que contribuem para o efeito estufa. Como só os Estados Unidos representam 25%, Bush está acreditando que os outros países não se organizarão o suficiente para ratificar e fazer Protocolo de Kyoto valer como um tratado internacional". Na opinião do secretário, o governo americano está apostando no fato de que o resto do mundo não chegará a um entendimento comum sobre esse assunto. Caso contrário, avaliou, ficará parecendo que um país da importância e do tamanho dos Estados Unidos no cenário mundial ficou à margem de um acordo internacional. "Para não dizer que não quer fazer nada e para não dizerem que o País ficou de fora de um protocolo mundial, o Bush ´inventou´ esse acordo que embaralha os números e não contribui em nada para tentar mudar a situação". Batmanian lembrou que o Protocolo de Kyoto propõe que, até 2012, os países industrializados diminuam em 5% a quantidade de gases que eles emitiam em 1990. "Quanto mais cedo isso foi ratificado, melhor, porque dá mais tempo para as nações realmente tomarem atitudes que levem a essa redução. Ao postergar, fica mais difícil, até porque alguns países têm aumentado a emissão dos gases, como, por exemplo, os Estados Unidos". Garo Batmanian explicou que o presidente Bush, além de não querer baixar esse índice de 5% proposto pelo Protocolo de Kyoto, fez uma proposta muito paliativa. Segundo ele, o presidente disse que pretende diminuir essa emissão em 18%. Mas é em relação a um valor do PIB americano e nada muda em relação ao quadro atual. "Hoje em dia, os Estados Unidos emitem 183 toneladas métricas de carbono para cada milhão de dólares que o PIB deles gera e o Bush quer baixar isso para 153 até 2012. Ele diz que isso é um decréscimo de 18% em termos de porcentagem. Mas quando chegarmos em 2012, se o País crescer 20%, mesmo se eles aumentarem a eficiência em 18%, estarão emitindo mais gases". Com essa proposta, avaliou o secretário, os Estados Unidos simplesmente não querem diminuir o total de gases que emitem.

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