Pesquisa mostra estrutura do vírus da dengue

"Sabemos agora que o vírus funde sua membrana com a da célula hospedeira e é assim que a invade", explica o biólogo James H. Strauss, da Caltech, que encabeça a equipe que assina o trabalho publicado na revista Cell

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Por Agencia Estado
Atualização:

Uma pesquisa realizada por biólogos do California Institute of Technology e da Universidade Purdue, em Indiana, mostrou pela primeira vez a estrutura do vírus da dengue, que pertence à família dos flavivírus, bem como o vírus do Oeste do Nilo e o da febre amarela. A estrutura incomum do vírus surpreendeu até os cientistas. A equipe trabalhou com as técnicas de microscopia crio-eletrônica e reconstrução de imagem 3-D, permitindo que, no final, eles obtivessem uma imagem tridimensional do vírus. Em seguida, essa imagem foi interpretada em termos de seus componentes moleculares. "Sabemos agora que o vírus funde sua membrana com a da célula hospedeira e é assim que a invade", explica o biólogo James H. Strauss, da Caltech, que encabeça a equipe que assina o trabalho publicado na revista Cell. Em entrevista ao Estado, Strauss disse que estuda o vírus da dengue há 20 anos. De acordo com ele, uma proteína, batizada de E, de envelope, forma um envoltório protetor em torno do vírus. Esse envoltório é feito de 60 subunidades de proteína E, que compõem uma estrutura de 20 lados, quase uma esfera, que protege o material genético do vírus até ele ser liberado na célula hospedeira. Além disso, o vírus da dengue tem outra, uma dupla membrana de lipídeos, entre a capa de proteína e seu genoma. O que é incomum no vírus da dengue é o fato de essa camada de lipídios ficar completamente encoberta pela de proteína. O vírus se assemelha a uma bola de golfe. "A nossa expectativa é que este trabalho nos ajude a desenvolver vacinas ou antivirais contra a dengue", disse o pesquisador. De acordo com Strauss, conhecer a estrutura do vírus torna possível identificar regiões que podem servir de alvo para ação de anticorpos ou antivirais. "A pesquisa também mostrou que devem ocorrer vastas recombinações nessa estrutura durante o processo de infecção e uma opção pode ser o desenvolvimento de antivirais capazes de interferir nessa dinâmica, evitando a infecção."

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