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Pesquisadora da USP descobre falha no cromossomo X de vacas clonadas

Todo o trabalho de laboratório foi realizado em Connecticut, sob a supervisão do pesquisador Xiangzhong "Jerry" Yang, mas Lygia orientou todos os procedimentos genéticos via internet. Foi ela quem propôs o projeto ao grupo, em fevereiro de 2000

Por Agencia Estado
Atualização:

À procura de problemas que comprometem as atuais técnicas de clonagem, a pesquisadora Lygia Pereira, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), detectou um que, por si só, seria suficiente para explicar a morte da maioria dos clones. Trabalhando com cientistas dos EUA e do Japão, ela descobriu que vacas clonadas que morreram tinham vários genes irregularmente desativados no cromossomo X. "Nossa genética é tão delicada que um único gene ligado ou desligado pode ter conseqüências seríssimas", diz a pesquisadora. O defeito está associado ao processo de reprogramação genética das células clonadas. Na reprodução normal, todo embrião fêmea contém dois cromossomos X, um do pai e outro da mãe, só que um deles é desativado naturalmente nos primeiros dias de fecundação. O embrião clonado começa com apenas um X ativo, da célula adulta, que precisa ser totalmente reprogramado para retornar ao estágio embrionário. Não se sabe ainda se os dois cromossomos são reativados e depois um desligado, ou se ficam do jeito que estão. Em mais de 95% dos casos, algo sai errado e o clone morre. "O pior é que não temos a mínima idéia de como controlar isso", afirma. Os pesquisadores analisaram amostras de tecidos de diferentes órgãos de quatro clones mortos na Universidade de Connecticut. Em todos eles, encontraram genes desligados no cromossomo X, mas nenhum padrão. "Não achamos correlação entre os clones, os genes, ou os órgãos", disse Lygia. Nos raríssimos clones que sobreviveram, o cromossomo não apresenta defeitos. A pesquisa está publicada na edição desta segunda-feira da revista Nature Genetics. Todo o trabalho de laboratório foi realizado em Connecticut, sob a supervisão do pesquisador Xiangzhong "Jerry" Yang, mas Lygia orientou todos os procedimentos genéticos via internet. Foi ela quem propôs o projeto ao grupo, em fevereiro de 2000. O próximo passo é estudar mais genes do cromossomo X e tentar entender por que eles são desativados.

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