Pontal testa sistema agroflorestal em assentamentos

Pesquisadores e ambientalistas assessoram assentados no plantio de árvores nativas e ervas medicinais, em projetos experimentais

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Por Agencia Estado
Atualização:

Acostumados a apenas desmatar para plantar culturas de subsistência e criar gado para consumo próprio, os assentados do Pontal do Paranapanema agora vão aprender também a plantar árvores nativas, dentro do projeto de criação de sistemas agroflorestais adequados a pequenos lotes. O projeto é uma parceria de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), coordenados por Paulo Kageyama, e dos ambientalistas da Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar (Apoena), com recursos de R$62 mil, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para os próximos 2 anos. O piloto está em andamento nos assentamentos Santa Zélia, no município de Teodoro Sampaio, e São Bento, de Mirante do Paranapanema, com 12 famílias de assentados. O Santa Zélia é um assentamento novo, de cerca de 2 anos, com 230 famílias, enquanto o São Bento já tem 8 anos, com 150 famílias. Em ambos os casos, os lotes são de 15 hectares. "A escolha das espécies a serem plantadas - entre árvores nativas e ervas medicinais - será dos próprios assentados, com a assessoria dos pesquisadores e apoio da Apoena na educação ambiental", explica a presidente da entidade, Djalma Weffort. Para ele, "o contato dos assentados com um sistema diferente das grandes fazendas e, sobretudo, o retorno econômico do sistema agroflorestal deve incentivá-los a uma mudança cultural, com a valorização da biodiversidade e reconhecimento da importância do plantio de matas ciliares". Em geral, os assentados procuram repetir os mesmos sistemas de produção das grandes fazendas, sem a economia de escala que garante a elas a rentabilidade. A criação de um novo sistema agroflorestal, participativo e mais adequado a pequenos lotes, deve promover a mudança cultural, ajudando também a capitalizar os pequenos produtores. Cada família vai plantar meio hectare de culturas comerciais e espécies nativas, de forma experimental. Weffort acredita que, a médio prazo, esta iniciativa pode ajudar a diminuir a pressão de ocupação humana sobre as florestas remanescentes da região e diminuir a dependência econômica dos assentados em relação aos governos e ao crédito agrícola. A cooperativa ligada aos assentados (Cocamp) e o Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) também participam do experimento.

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