24 de janeiro de 2014 | 13h32
Hollande e Francisco tiveram uma reunião fechada de 35 minutos no Palácio Apostólico, local que o papa usa para visitas oficiais desde que se mudou para aposentos mais modestos.
No Vaticano, a segurança foi intensificada, segundo uma fonte policial, depois de uma pequena explosão perto de uma igreja francesa em Roma nas primeiras horas do dia e após a polícia ter recebido um telefonema anônimo sobre duas outras bombas na área do Vaticano. Nada foi encontrado.
Hollande parecia nervoso ao ser apresentado ao papa, e Francisco, que não fala bem francês, não pareceu dar ao presidente a recepção calorosa vista em visitas de outros chefes de Estado.
A decisão do presidente socialista de apressar a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo no ano passado provocou grandes protestos em Paris, que foram apoiados de forma enfática pela hierarquia católica.
Católicos franceses acusam o governo de prestar mais atenção nas minorias de judeus e muçulmanos, visitando essas comunidades e denunciando ataques contra elas, e ao mesmo tempo ignorar as provocações contra a mais popular religião da França.
Um comunicado do Vaticano afirmou que os dois discutiram temas como família e bioética.
Depois do encontro, Hollande disse à imprensa que a tradicional divisão entre Estado e igreja na França era uma "garantia para os direitos de todas as fés e permitia o debate com todas as religiões, especialmente a Igreja Católica".
Hollande afirmou que o debate sobre temas morais poderia incluir "os assuntos mais sérios e urgentes da nossa sociedade", mas não deu nenhuma indicação de que o governo poderia recuar na legislação sobre casamento gay, em direito de aborto ou em eutanásia.
Líderes católicos e protestantes na França têm criticado o plano anunciado de Hollande de legalizar neste ano o suicídio assistido.
Muitos joves católicos que participaram da campanha contra o casamento gay no ano passado se mantêm mobilizados. Um grupo coletou 115 mil assinaturas e as enviou ao papa, pedindo que ele levante as reivindicações no encontro com Hollande.
Assessores do presidente da França afirmaram antes da reunião que ele escutaria o que Francisco tivesse a dizer sobre as políticas, mas católicos franceses duvidam que Hollande seguirá os conselhos do papa.
Os dois também conversaram sobre a Síria, o conflito entre israelenses e palestinos, o meio ambiente e os direitos dos cristãos no Oriente Médio.
A visita do presidente ocorre num momento em que o seu índice de aprovação bate recordes negativos.
Hollande não negou os relatos de uma relação com a atriz Julie Gayet, caso que trouxe a vida privada do presidente para o centro das atenções francesas.
O presidente, que não respondeu perguntas da imprensa após o encontro, afirmou que uma visita de Francisco seria sempre bem-vinda na França.
(Reportagem adicional de James Mackenzie, em Roma, e Tom Heneghan, em Paris)
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