Prisões da Operação Curupira chegam a 78

Justiça Federal expediu 130 mandados de prisão e 180 mandados de busca e apreensão. Governo decreta intervenção no Ibama de MT

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Por Agencia Estado
Atualização:

Agentes da Polícia Federal já prenderam em Mato Grosso, até o fim da manhã, 78 pessoas acusadas de envolvimento numa das maiores organizações criminosas do País para a extração ilegal de madeira. Entre os acusados, foram detidos o gerente-executivo do Ibama, Hugo José Scheuer Werle, e o chefe de fiscalização do órgão no Estado, Marcos Pinto Gomes. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, decretou intervenção federal do Ibama em Mato Grosso. De acordo com a PF, a quadrilha especializada em crimes ambientais desmatou 43 mil hectares de floresta nos últimos dois anos. A madeira retirada daria para encher 66 mil caminhões e foi avaliado em R$ 890 milhões de reais. A Justiça Federal expediu 130 mandados de prisão e 180 mandados de busca e apreensão. Além de MT, foram decretadas prisões no Pará, Rondônia, Amazonas, Paraná, Santa Catarina e no Distrito Federal. Segundo a Polícia Federal, é a maior quadrilha especializada em crimes ambientais do País. As prisões foram decretadas pelo juiz da 1ª vara Federal em Cuiabá, Julier Sebastião da Silva, depois de nove meses de investigação. Ibama e madeireiras Entre os detidos em Mato Grosso, 45 funcionários são do Ibama, madeireiros, despachantes, funcionários da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema). A operação mobilizou 430 policias federais que chegaram de avião vindos de outros Estados. Segundo a PF, a quadrilha está envolvida em desmatamentos clandestinos e na negociação de madeira extraída de forma irregular em terras da União e reservas indígenas, principalmente na região amazônica. Além das prisões, quatro madeireiras foram fechadas pelos agentes federais em Cuiabá. Uma delas, a American Import, exportava madeira para a Ásia e não tinha licença ambiental. Entre os crimes, o bando é acusado de corrupção ativa, passiva, inserção de dados falsos no sistema de informações do Ibama, estelionato, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. Enriquecimento O gerente-executivo do Ibama em Mato Grosso, preso em Sinop, norte do Estado, é um dos acusados por enriquecimento ilícito. "Desde que assumiu a gerência (janeiro de 2003, por indicação do PT, partido do qual é filiado) nós pedimos a quebra de sigilo fiscal dele na Receita Federal e verificamos que seu patrimônio aumentou de 2003 até a data atual em R$ 426 mil e declarados o rendimento anual dele chega a R$ 79 mil. É um rendimento incompatível", afirmou o chefe da operação Curupira, delegado Tardeli Boaventura. Conforme as investigações, o esquema milionário ocorria com o desvio de Autorizações para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs), documento emitido pelo Ibama para comprovar a origem da madeira retirada na floresta. Funcionários corruptos retiravam as ATPFs e vendiam para despachantes e madeireiros a R$ 2 mil cada uma. O documento ilegal era usado para legalizar os estoques clandestinos em pelo menos 400 empresas fantasmas criadas para desviar as autorizações. "Algumas tinham endereços inusitados como cemitérios, apartamentos e postos de combustíveis", disse Boaventura. Responsável por 48% dos desmatamentos ocorridos na Amazônia, parte dos crimes ambientais ocorridos em Mato Grosso, segundo o delegado, podem ser atribuídos à quadrilha presa. "Muito dessa devastação em Mato Grosso se deve à corrupção dos servidores não só do Ibama como da Fema", afirmou.

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