Profissionais ajudam na escolha

Psicopedagogos traçam o perfil do aluno e da família, visitam colégios e sugerem algumas instituições

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Por Redação
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O término do ensino infantil e a transição do primeiro para o segundo ciclo do fundamental são momentos delicados até mesmo para as crianças que continuam na mesma escola. Por isso, mudar de colégio nessa fase exige ainda mais atenção, afirmam especialistas. A equação se torna mais complexa quando o aluno tem problemas de aprendizado ou de comportamento, mas há profissionais especializados para ajudar nesse processo. "O primeiro passo é avaliar as expectativas dos pais e ajudá-los a perceber como é o filho, seu potencial, afinidades e limitações", conta a psicopedagoga Silvia Amaral, da clínica Elipse. "Se eles chegam com escolas pré-selecionadas, esclareço a metodologia de ensino de cada uma. Se não conheço, vou visitar. Ou então sugiro algumas dentro do perfil desejado para eles avaliarem."A especialista Ana Luiza Borba conta que, quando uma mãe lhe procura porque o filho está com problemas na escola, analisa não apenas a criança, mas também a forma de trabalho da instituição de ensino. "Converso com os professores e a coordenação. Às vezes a escola passa a lidar com a criança de forma diferente e as coisas melhoram. Mas, em alguns casos, vejo que pedagogicamente o colégio não corresponde ao que a família anseia e então ajudo a escolher um novo."A dona de casa Marta Regina Jonavicius procurou ajuda especializada quando descobriu que as filhas gêmeas, agora com 9 anos, estavam com dificuldades na alfabetização por causa de um problema auditivo. "Elas ouvem bem, mas têm problema no processamento do som. Fizemos exames e descobrimos que o quadro de Thaís era mais grave que o de Beatriz." Thaís precisou repetir o último ano do ensino infantil, enquanto a irmã seguiu para o fundamental. "Conversei com uma fonoaudióloga e uma pedagoga para descobrir qual método de ensino seria melhor para as duas. Isso foi fundamental", conta a mãe. Ela visitou vários colégios e expôs o problema para os coordenadores. "Queria saber como poderiam ajudar minhas filhas." As meninas estudam hoje em séries e escolas diferentes. Na de Thaís, as turmas têm apenas 5 alunos. "Tive de avaliar as necessidades de cada uma. Não adiantava eu me enganar e procurar o melhor colégio. Isso apenas ia trazer frustração para todos", diz a mãe.Situação semelhante viveu a dona de casa Fabiana Clauz, mãe de Pedro, de 8 anos, que nasceu prematuro e tem a coordenação motora um pouco comprometida. "Ele não tem dificuldade para entender o conteúdo, mas levou mais tempo para conseguir escrever e necessitou da ajuda de uma psicomotricista", conta Fabiana. Quando o menino ingressou no fundamental, a mãe procurou um colégio com poucos alunos em sala e ensino direcionado. "Escolas imensas não têm essa ajuda específica. Além disso, eles têm um trabalho de prevenção de bullying desde o segundo ano do fundamental", diz.Bullying. Se o estudante não está feliz ou não está se desenvolvendo conforme o esperado, pode ficar desmotivado, agressivo, apático e até apresentar comportamentos sociais e acadêmicos inadequados, afirma a neuropsicóloga Adriana Foz. Foi o que aconteceu com a adolescente J., de 13 anos. "Quando ela estava com 8 anos, o colégio em que estudava fechou e tivemos apenas um mês para escolher outro", conta a mãe. A família então optou pela escola mais tradicional do bairro. Mas, ao longo dos últimos quatro anos, a menina sofreu pequenos e repetidos episódios de bullying. "Era excluída porque não tinha a mochila da marca tal ou porque é gordinha. Até que, no ano passado, passou a dizer que não queria mais estudar e que a vida dela era muito chata. Tinha crises de dor de cabeça e vômito", diz a mãe. Somente então a família se deu conta de que a situação ia um pouco além da rebeldia adolescente. "Ela passou a achar que não era legal ser uma aluna que tira dez. Queria chamar atenção de qualquer forma."Para a psicóloga Fernanda Gonçalves, há uma tendência de se culpar o aluno nessas situações. Ela defende que um profissional converse com todos os professores envolvidos e com a coordenação. "Essas crianças são pouco conhecidas dentro de um contexto, o que acaba levando a diagnósticos precipitados de problemas como déficit de atenção e hiperatividade. Depois acabam submetidas a remédios fortíssimos."

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