Projetos ganham prêmio Jovem Cientista do CNPq

Entre as idéias premiadas, um cursinho para alunos negros e um dicionário de filosofia em Libras

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Por Lisandra Paraguassu
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Um cursinho pré-vestibular para alunos negros de escolas públicas da Bahia, um dicionário de filosofia na Língua Brasileira de Sinais (Libras) e um método para higienizar água com a luz do sol foram os vencedores, nesta quarta-feira, 22, do prêmio Jovem Cientista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Com o tema "Educação para reduzir desigualdades", o prêmio deste ano centrou sua escolha numa área de pesquisa até então não contemplada.   O pré-vestibular, desenvolvido pela estatística Sheila dos Santos Pereira, da Universidade Federal da Bahia, atendeu 35 jovens no ano passado, centrando esforços no ensino das disciplinas de exatas. Desses alunos, todos conseguiram entrar em faculdades na Bahia nas áreas de engenharias e arquitetura. Três deles em instituições públicas.   A mineira Terezinha Rocha, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), criou um dicionário de filosofia em CD-Rom na linguagem de sinais. Como não existiam os sinais para a maior parte das palavras do dicionário, a estudante de filosofia trabalhou com estudantes surdos a etimologia da palavra. "Na medida em que eles descobriam a etimologia, iam criando os sinais", explicou.   O prêmio para estudantes de ensino médio ficou com Júlia Parreiras, do Centro Federal de Ensino Técnico de Minas Gerais (Cefet-MG). Curiosa ao ver garrafas pet cheias de água no telhado de casas no interior de Minas, Júlia descobriu que a luz do sol e o calor eram usados pelas comunidades para purificar a água. Auxiliada por uma professora, desenvolveu, com papelão e papel alumínio, um sistema para acelerar o processo. Fez uma cartilha sobre doenças vindas de água contaminada e ensinou famílias de comunidades carentes a construir o acelerador.   Felizes com os prêmios, as três estudantes, no entanto, lembraram a dificuldade que existe para ampliar os projetos. "Nossa dificuldade para ampliar o projeto é justamente as limitações financeiras", reconheceu Sheila. "Precisamos de políticas públicas que envolvam o Ministério da Educação, o CNPq, o Ministério da Ciência e Tecnologia para que essas iniciativas possam ser reconhecidas e espalhadas para o resto do País", afirmou Mozart Neves Ramos, diretor-executivo do movimento Todos pela Educação.

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