Pronaf Florestal pode não sair do papel, alerta especialista

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Por Agencia Estado
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O Pronaf Florestal pode não atrair o interesse dos agricultores familiares se eles não receberem assistência técnica que os estimulem a investir em reflorestamento e explorar a floresta. O alerta é do gerente-executivo da Diretoria de Agronegócios do Banco do Brasil, Roberto Torres. "Se não houver repasse de tecnologia aos agricultores, o Pronaf Florestal caminhará a passos lentos", disse o funcionário do Banco do Brasil, uma das instituições encarregadas de emprestar dinheiro aos agricultores. O Programa Nacional de Incentivo à Silvicultura e Sistemas Agroflorestais para a Agricultura Familiar (Pronaf Florestal), lançado segunda-feira no Palácio do Planalto, prevê a aplicação de R$ 300 milhões em quatro anos em projetos de conservação do meio ambiente que garantam renda e emprego. A prioridade será dada a empreendimentos na mata atlântica, bioma mais degradado no País. O agricultor pagará juros de 4% ao ano, contará com uma carência de oito anos e desconto de 25% se antecipar as prestações. O diretor do Programa de Agricultura Familiar, Gilson Bittencourt, garante que os produtores terão assistência técnica. Nos próximos dias, o governo divulgará edital para a contratação desse serviço. Hoje, os ministros do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, e o do Desenvolvimento Agrário, José Abrão, reuniram-se com representantes de organizações não-governamentais, com bancos oficiais, pequenos agricultores e empresas para discutir a aplicação do Pronaf Florestal. Carvalho avaliou que o programa representa uma nova fase da política ambiental no País ao estimular o engajamento de uma "faixa descapitalizada de produtores" na conservação do meio ambiente. O gerente do Banco do Brasil Torres advertiu que um dos desafios para os participantes do Pronaf Florestal será o de montar um esquema de comercialização desde o início do plantio de árvores que levarão, em média, oito anos para produzir. "O agricultor poderá abandonar o projeto no meio do ciclo, se não houver perspectiva de venda do produto." O ministro Abrão contesta Torres, informando que o governo deverá criar Agência Nacional de Comercialização para ajudar os agricultores familiares na negociação da produção. Segundo ele, 35 agências regionais já estão operando e identificaram que um dos problemas da comercialização é o produto viajar muito e passar por muitos intermediários. "Queremos que o produto chegue mais barato na ponta e custe menos para quem produz, seja no caso de tomate, cenoura ou madeira", diz Abrão.

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