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Proposta brasileira para proteção do meio ambiente é bem recebida

De acordo com o secretário José Goldemberg, autor da iniciativa brasileira, a Argélia, país membro da Opep, e o Egito apoiaram a proposta iraniana, enquanto a Arábia Saudita, o Kuwait e o Catar se manifestaram contra.

Por Agencia Estado
Atualização:

A proposta brasileira de estabelecer uma meta global de 10% de uso de fontes renováveis de energia até 2010 deu um passo dentro do bloco ao qual o Brasil pertence, o G-77. O Irã, que coordena as negociações sobre o tema no G-77, propôs que o grupo defenda perante os outros blocos e países que participam da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável o estabelecimento de metas regionais para o uso de energia renovável. As duas regiões que propõem metas são América Latina e Caribe, que endossa a iniciativa brasileira, e a União Européia, que tem outra proposta, de meta de 15% até 2010, mas com aumento de apenas 2% dos países industrializados, que hoje estão na casa dos 5%. No seu detalhe, a proposta do Irã, país membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), não contempla a iniciativa brasileira, que prevê um esforço global no mesmo nível. Haveria um ganho, no entanto: o estabelecimento de meta, como um princípio, passaria a ser uma proposta de todo o bloco de 133 países. O Brasil (com a América Latina e o Caribe) avançaria então a partir dessa proposta do bloco defendendo uma meta global e não apenas parcial. De acordo com o secretário do Meio Ambiente de São Paulo, José Goldemberg, autor da iniciativa brasileira, a Argélia, país membro da Opep, e o Egito apoiaram a proposta iraniana, enquanto a Arábia Saudita, o Kuwait e o Catar se manifestaram contra. "A oposição está se concentrando no núcleo duro da Opep", festejou Goldemberg. Fora do G-77, a resistência mais significativa é a dos Estados Unidos, que se coloca em princípio contra o estabelecimento de quaisquer metas nessa cúpula. Goldemberg abandonou o almoço quando soube que o Irã ia apresentar a proposta no G-77 e foi para a reunião do bloco. As negociações continuam. Durante entrevista coletiva sobre a iniciativa, a Noruega e as Filipinas manifestaram seu apoio. O México, exportador de petróleo, e a Argentina também estavam representados, e garantiram que a América Latina e o Caribe estão coesos em torno da iniciativa brasileira, incluindo a Venezuela, que é membro da Opep. Na sua apresentação, o ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, afirmou que a iniciativa brasileira é perfeitamente alcançável e contribuiria para o cumprimento do Protocolo de Kyoto, que prevê a redução das emissões de gases poluentes. As fontes renováveis de energia ou não poluem a atmosfera, como a hidrelétrica, solar, eólica e das ondas ou têm emissão líquida negativa de poluentes, como é o caso do álcool, da madeira gaseificada e de outras fontes vegetais, cuja queima é compensada pelo replantio. Inclusão de grandes hidrelétricas Goldemberg confirmou que as negociações caminham para a inclusão das grandes hidrelétricas no cálculo da meta, como querem a União Européia, o Japão e países continentais, como o Canadá, a China e a Índia (os dois últimos, membros do G-77). A proposta brasileira originalmente exclui as grandes hidrelétricas, que, embora sejam fontes renováveis, causam impacto sobre o meio ambiente. As organizações ambientalistas gostariam que essa exclusão fosse mantida. Mas o governo brasileiro e seus aliados latino-americanos constataram que a proposta não tem futuro se mantida essa exclusão. Goldemberg negocia a inclusão, numa eventual proposta comum da América Latina e da União Européia, de algum tipo de condição que exclua as hidrelétricas que causam mais danos ambientais. Veja o Especial Rio+10

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