Proteção à biodiversidade ainda tem grandes lacunas a serem preenchidas

Conservation International divulga levantamento de espécies ainda não protegidas em unidades de conservação.

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Por Agencia Estado
Atualização:

Pelo menos 719 espécies de vertebrados vivem fora dos limites dos parques e reservas existentes, sem contar com qualquer tipo de proteção, e 943 outras espécies estão dentro de unidades de conservação tão pequenas, que seu hábitat não pode ser considerado efetivamente protegido. Se não houver um esforço concentrado de aumento das áreas protegidas, orientado para as localidades de mais alta biodiversidade e sob maior pressão do homem, há risco de extinções em massa. Esta é a principal conclusão da ?Análise Global de Lacunas de Conservação?, divulgada pela Conservation International em Durban, na África do Sul, durante o V Congresso Mundial de Parques. O estudo contou com a parceria com a União Mundial para a Conservação (IUCN) e sua Comissão Mundial de Áreas Protegidas (IUCN/WCPA). Dois critérios básicos serviram de parâmetro para a análise: áreas insubstituíveis e grau de ameaça. As florestas tropicais e as ilhas estão entre as áreas prioritárias para a conservação, segundo os dois critérios. Nas ilhas estão 45% das espécies analisadas, concentradas em territórios que, somados, correspondem a apenas 5,2% da superfície terrestre. A Ásia é o continente com necessidades mais urgentes de expansão da rede de unidades de conservação e na América e África, a demanda é pela implementação dos parques e reservas já existentes. Das 719 espécies sem proteção, 140 são mamíferos, 233 são aves e 346 anfíbios. Os mamíferos são os animais que se distribuem pelos territórios mais restritos, com 29% das 4.734 espécies analisadas vivendo em áreas menores do que 50 mil km2. Em meio às espécies sem proteção mais ameaçadas estão dois primatas brasileiros: o sauá-coimbra (Callicebus coimbrai) e o guigo (Callicebus barbarabrownae), que ainda ocorrem nos fragmentos florestais da Bahia e Sergipe. Entre as aves, foram avaliadas 1.183 espécies e boa parte das 233 consideradas sem proteção são da Mata Atlântica brasileira. Para o estudo dos anfíbios, foi verificada a situação de 5.254 espécies, cujos mapas de distribuição foram cruzados com os mapas das unidades de conservação. Ana Rodrigues, pesquisadora da Conservation International, alerta para o fato da análise envolver apenas parte da fauna, lembrando que estudos mais detalhados ou a descoberta de novas espécies podem revelar inúmeras áreas e espécies adicionais com necessidade de proteção.

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