PUBLICIDADE

'Quero respeito aos meus direitos'

Manuel Pinheiro Rosa diz que nunca ouviu falar que deveria ter vagado o imóvel

Por Roberta Pennafort/RIO
Atualização:

Aos 83 anos, Manuel Pinheiro Rosa quase chora ao falar da angústia que sente ao ouvir os boatos de que terá de sair da casa onde criou 7 filhos, 23 netos e 6 bisnetos. São, na realidade, dois imóveis sobre os quais paira uma única bandeira do Vasco. “O diretor do Parque da Tijuca ofereceu três na época, mas tenho bom coração e cedi uma”, ele conta, ao lado de um dos filhos. Todos cresceram tendo a floresta como quintal e estudaram numa escola instalada ali dentro para atender aos funcionários. “Foram me buscar para morar aqui em 1943. Eu trabalhava no parque desde os 13 anos, tive vários cargos. Amo essa floresta. Dizem que a Justiça quer levar a gente para longe. Mas os meus direitos precisam ser respeitados: eu saio, porém tem de ser daqui para o Alto da Boa Vista, quero a chave na mão. Não durmo, com medo.” Ele nunca ouviu falar que deveria ter vagado o imóvel ao se aposentar, por volta de 1980. Nem vê qualquer inconveniente no fato de morar literalmente no meio do mato. As casas no Parque Nacional da Tijuca são, em geral, mais simples que as do Jardim Botânico, embora também no parque da zona sul “exista de tudo”, nas palavras do procurador Mauricio Manso. O aposentado Gilberto Rocha Batista, de 58 anos, conta que a casa onde vive, na Rua Pacheco Leão, com a mulher e a filha, é herança dos sogros. Ambos eram pesquisadores e trabalhavam no Jardim Botânico. A sogra tem 86 anos e sofre com a possível reintegração de posse. “Patrimônio não tem prazo de validade. A família veio em 1954. A atual gestão colocou todo mundo no mesmo saco, quem veio e construiu com autorização, compelido pela direção do parque, e quem invadiu.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.