Reaproveitamento de resíduos transforma lixo em luxo

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Por Agencia Estado
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O Projeto Renova, da Companhia Vale do Rio Doce, é prova concreta de que o lixo de alguns é o luxo para outros. O plano prevê a venda, através de leilões virtuais e tradicionais, de todo e qualquer produto sem serventia nas empresas para outras que farão bom uso do material. O plano de negócios foi elaborado dentro do conceito de que tudo o que sai de uma indústria ou é produto (bens e serviços) ou é resíduo ? estoque em disponibilidade, equipamentos usados, sucata e resíduo industrial ? e o que é resíduo para uma indústria pode ser insumo para outra. Segundo dados do Banco Mundial, o mercado latino-americano de excedentes é avaliado em torno de US$ 8,8 bilhões, sendo o Brasil responsável por US$ 3,4 bilhões. Esse número é calculado com base no que é efetivamente transacionado e considera apenas a venda de peças e equipamentos, não estando em sua composição a parcela de resíduos industriais. Valores deste porte já seriam suficientes justificar a atratividade de um negócio que, fora do foco das grandes empresas, é hoje muito fragmentado, pouco transparente e fortemente impactado pelo avanço das questões ambientais e pelas oportunidades geradas pela transparência das comunidades eletrônicas. De acordo com o diretor da Valepontocom, Flávio Montenegro, o projeto nasceu com o objetivo de capacitar as empresas brasileiras a aumentarem a eficiência de seus processos produtivos através da análise e melhoria contínua de seus descartes de resíduos industriais, sejam equipamentos, sucata, estoques excedentes ou resíduos de processos propriamente ditos. Para ele, a iniciativa também é louvável para criar visibilidade para o mercado de resíduos. Comunidade O projeto nasceu do Grupo de Suprimentos Brasil (GSB), uma associação informal entre indústrias que já em 1999 buscava soluções para seus problemas com equipamentos e estoques excedentes. Fazem parte do grupo empresas como Acesita, Albrás, Alumar, Aracruz, Bahia Sul, Belgo-Mineira, Cenibra, CSN, CST, Escelsa, Ferteco, Gerdau, IBM, Petrobras, Samarco, Samitri, Telemar, Valesul, Votorantim e Usiminas, entre outras. Vários problemas foram enfrentados pelo GSB, como dificuldades para inserir itens e/ou localizar determinado material, reclamações sobre não recebimento e/ou demora na resposta das solicitações de preços, ausência de instruções para transacionar, falta de critérios para padronização dos itens e não atendimento a requisitos legais. Em 2001, a criação da Valepontocom (holding da CVRD para e-business) reavaliou o modelo "centro de custos" do GSB e identificou uma oportunidade de desenvolvimento de um negócio com foco empresarial, a partir de uma base tecnológica mais consistente. Iniciava-se naquele momento o Projeto Renova. Em maio de 2002, após um longo período de maturação, o Projeto Renova finalmente foi apresentado. Leia mais sobre Mineração e Siderurgia no AE Setorial, o serviço da Agência Estado voltado para o segmento empresarial.

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