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Regulagem de equipamentos pode diminuir emissão de gases

Por Agencia Estado
Atualização:

A simples otimização no uso de equipamentos de combustão pode ser uma medida eficaz, barata e de curto prazo para que as indústrias obedeçam os padrões de emissão de gases poluentes estabelecidos pela legislação. "Trabalhar com os equipamentos em condições adequadas leva a uma redução grande na emissão, muitas vezes suficiente para se atingir os patamares exigidos por lei", afirmou Renato Vergnhanini Filho, engenheiro químico da Divisão de Mecânica e Eletricidade do Agrupamento de Engenharia Térmica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). O assunto foi debatido nesta terça-feira, em um bate-papo no site do IPT, temático, realizado todas as terças. O grande problema no Brasil é que uma boa parte dos equipamentos de combustão industriais são importados e utilizam especificações para óleo combustível de qualidade superior ao brasileiro. "Nosso óleo mais leve é mais pesado do que os mais densos encontrados nos países desenvolvidos", explicou. Trata-se de uma característica natural do petróleo brasileiro, boa parte proveniente da Bacia de Campos. "Essa alta viscosidade leva a uma queima difícil e implica em mais emissão de não queimados (como nitrogênio e monóxido de carbono)", completou. Além disso, o processo de refino também origina um óleo mais denso. Por isso, é necessário fazer um ajuste diferente nos queimadores, fornos e caldeiras. "Nossos trabalhos no IPT mostram a importância dos cuidados com os equipamentos. Não encontramos na literatura internacional esses ajustes, eles não tratam das particul aridades, das características que devem ser ajustadas para o nosso tipo de óleo", apontou. Segundo ele, uma parte da indústria não dá muita importância para isso ou por desconhecimento técnico ou por não ser a queima de óleo e geração de energia a sua atividade principal. As indústrias podem atuar em três frentes para diminuir a emissão de gases de combustão poluentes ? monóxido de carbono (CO), compostos de enxofre (SOx), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado. Os estudos do IPT indicam que a emissão pode ser reduzida substancialmente atuando-se nas condições operacionais dos equipamentos, ajustando os parâmetros de funcionamento. "É uma medida que pode ser feita pelo usuário, de baixo custo, curo e médio prazo, e que dá bom resultado a ponto de resolver por si só o problema e se cumprir a lei", afirmou. Outra frente em que se pode trabalhar para reduzir a emissão é no próprio combustível. "Pode-se tirar o nitrogênio do óleo se quiser diminuir os índices de emissão de óxidos de nitrogênio", exemplificou. Mas essa solução não está nas mãos do usuário, mas do fornecedor do combustível, no caso do Brasil, a Petrobras. "Se a empresa entrega o óleo assim, a indústria é obrigada a usar, não tem tecnicamente condições de aplicar o abatimento de poluentes no combustível", justificou. Uma terceira alternativa é atuar nos gases. Ao invés de lançar na atmosfera, a empresa pode montar um sistema de limpeza. "Costuma ser a alternativa mais cara, o custo pode ser de 10% a 20% do preço do equipamento de combustão, mas pode ser necessária se a indústria usou todas as alternativas e não atingiu os padrões de emissão da legislação", contou. Há também o custo operacional, que pode ser elevado e que varia em função da qualidade do combustível. "Os benefícios, no momento em que a questão ambiental está tão em evidência, são óbvios", concluiu. Questionado durante o bate papo sobre a eficiência do Protocolo de Kyoto, que define a diminuição da emissão de poluentes causadores do efeito estufa, e um possível prejuízo às empresas, Vergnhanini disse que a obrigatoriedade da indústria em reduzir sua s emissões de dióxido de carbono (CO2) não traz nenhum ganho. "Ao contrário, as técnicas aplicadas aos gases de redução de CO2 são ainda relativamente caras", disse. De acordo com o pesquisador, há uma forma de redução nas emissões de CO2 que não são conflitantes com a questão econômica, pois o aumento na eficiência térmica do processo de combustão tanto reduz a emissão de CO2 como leva à economia de combustível. O IPT faz análises para indústria, estudando o combustível e equipamentos da empresa, fazendo ensaios em seu laboratório, elaborando um diagnóstico e propondo soluções. "No futuro, queremos desenvolver a solução também. Por exemplo, se indicarmos para um a indústria que ela precisa de um tipo de queimador, queremos fazer o equipamento para ela, o que pode gerar royalties depois", explicou. O instituto já executou diversos estudos para empresas como a Petrobras, White Martins, Albrás, Cosipa, Cobrasma, Rhodia, entre outras.

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