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Reino Unido autoriza modificação genética de embriões humanos

Eles não poderão ser implantados em mulheres; objetivo é obter maior entendimento sobre os primeiros momentos da vida

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Por Redação
Atualização:

LONDRES - A Autoridade de Embriologia e Fertilização Humana (HFEA, na sigla em inglês) do Reino Unido concedeu pela primeira vez a um grupo de cientistas britânicos permissão para modificar geneticamente embriões humanos.

A pesquisa será realizada no Instituto Francis Crick de Londres, que solicitou a autorização em setembro de 2015, e tem como objetivo proporcionar um maior entendimento sobre os primeiros momentos da vida humana.

As remodelações de embriõescom fins terapêuticos estão proibidas em quase todo o mundo Foto: Michel Dalder/Reuters

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A HFEA do Reino Unido indicou nesta segunda-feira, 1º, em comunicado, que os experimentos se desenvolverão durante os primeiros sete dias depois da fertilização e que poderiam lançar luz sobre os abortos.

No entanto, os cientistas que desenvolverão esses inovadores testes não poderão, por ser ilegal, implantar os embriões em mulheres.

A autorização ocorreu depois que pesquisadores na China admitiram no ano passado terem alterado os genes de embriões humanos para tentar eliminar um problema sanguíneo genético.

As remodelações com fins terapêuticos estão proibidas em quase todo o mundo, mas no Reino Unido será possível a partir de agora conseguir a permissão se a finalidade for a pesquisa científica, contando com o sinal verde da HFEA.

Trata-se de um tema controverso, pois seus opositores temem que a alteração do DNA de um embrião abra eventualmente as portas para a prática em humanos.

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No comunicado, a organização diz que a concessão inclui uma condição pela qual "nenhuma pesquisa que use seleção genética pode ser realizada até que tenha recebido a aprovação ética" e que "é ilegal" transferi-los a uma mulher para "tratamento".

Segundo explicou o instituto no ano passado, quando solicitada, os especialistas esperam que os embriões que buscam modificar sejam doados por casais que tenham muitos armazenados como parte de seus tratamentos de fertilidade.

Os pesquisadores recalcaram que não permitirão que os embriões completem seu ciclo de crescimento, mas os estudarão nos primeiros períodos do desenvolvimento antes de destruí-los.

A equipe de cientistas utilizará uma tecnologia conhecida como CRISPR/Cas9 para mudar os genes e estudar assim os efeitos destas variações no desenvolvimento do embrião.

"Gostaria de compreender os genes que são necessários para que um embrião humano se desenvolva com sucesso em um bebê são", explicou a cientista Kathy Niakan, que faz parte do instituto.

Segundo Niakan, "o motivo pelo qual é tão importante" a iniciativa é "porque os abortos e a infertilidade são extremamente comuns, mas não são compreendidos muito bem". /EFE

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