Remédio contra epilepsia é promissor contra alcoolismo

Do estudo participaram 103 bebedores inveterados, que foram submetidos a testes por três meses. Muitos deles já haviam experimentado outros métodos

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Um medicamento contra a epilepsia promete bons resultados no tratamento do alcoolismo e aparentemente tem efeitos mais poderosos que outras drogas existentes no mercado com essa finalidade. No primeiro estudo sobre o uso da droga antiepiléptica Topamax (topiramate) contra o alcoolismo, os pesquisadores descobriram que os alcoólicos que ingeriram a substância tinham uma chance seis vezes maior de deixar de tomar álcool durante um mês do que os que receberam um placebo. E, quando beberam álcool, tiveram uma inclinação quatro vezes menor para beber abusivamente, segundo um artigo que aparece na edição desta sexta-feira da revista médica britânica The Lancet. "Esta descoberta é um avanço científico importante no tratamento do alcoolismo", disse o doutor Domenic Ciraulo, diretor de psiquiatria da Universidade de Boston, que não teve relação com o estudo. Atualmente, há três medicamentos distribuídos em todo o mundo contra o alcoolismo. Um deles, o Antabuse (ou disulfiram) faz com que o viciado adoeça quando bebe. Segundo o doutor Bankole Johnson, diretor de pesquisas sobre alcoolismo e drogas da Universidade de San Antonio, no Texas, "a única coisa que o Antabuse faz é castigar quem bebe". As outras duas drogas, naltrexone e acamprosate, são administradas para evitar as recaídas, uma vez que os alcoólicos deixem de beber. Já no caso do Topamax, ou topiramate, "o bom é que pode ser tomado enquanto se continua bebendo", disse Johnson. Do estudo participaram 103 bebedores inveterados, que foram submetidos a testes por três meses. Muitos deles já haviam experimentado outros métodos como Alcoólicos Anônimos, medicamentos, psicoterapia e clínicas de reabilitação. Quando se inscreveram para a pesquisa, estavam pelo menos há seis meses em tratamento e bebiam o equivalente a duas garrafas de vinho diárias. Deles, 55 receberam topiramate, enquanto que 48 receberam um placebo. A dose de topiramate foi sendo gradualmente aumentada. Todos os participantes receberam, de forma regular, atenção psicológica, para animá-los a tomar a substância e deixar de beber. No final da pesquisa, 13 dos 55 do grupo do topiramate, ou 25% do total, haviam conseguido se abster de beber continuamente por um mês. Entre o grupo que tomou o placebo, apenas dois dos 48 (4%) conseguiram o mesmo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.