Resíduos podem contaminar o solo e as águas

Para ambientalista, lei teria de ser mais restritiva, como ocorre no Sul do País

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Por Agencia Estado
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Os riscos para a população de uma deposição inadequada desse tipo de resíduo, de acordo com o ambientalista Paulo Rodrigues dos Santos, são os mesmos de qualquer rejeito industrial: contaminação do solo e das águas. Os metais pesados presentes na água para irrigar plantas ou em grama comida pelos animais chegam, por vias indiretas, ao ser humano. "A legislação sobre o assunto precisava ser bem mais restritiva. Não basta obrigar o fabricante e o importador a reciclarem, sem que seja feita, ao mesmo tempo, uma grande campanha de conscientização do consumidor", defende, por sua vez, Fátima Santos, da Suzaquim. "Metais pesados são cumulativos, ou seja, não desaparecem no organismo." Para ela, essa campanha deveria ser feita pelo governo, em parceria com organizações não-governamentais. Brevemente, os consumidores poderão depositar celulares e baterias usados em grandes redes de supermercados, como Carrefour, Extra e Pão de Açúcar. "Já fomos procurados pelas empresas e logo os coletores deverão ser instalados", afirma Fátima. A preocupação de Santos está na fiscalização. "Em São Paulo, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) não fiscaliza absolutamente nada. Lixo industrial é resíduo classe 1, ou seja, o mais perigoso ao ambiente. No entanto, é muito comum que transportadores desviem o material pelo caminho, antes de chegar ao aterro, depositando os restos em lixões", critica. Indagada sobre isso, a Companhia Estadual de Tecnologia Ambiental (Cetesb) disse que não responderia a essa denúncia, por não ser específica. Restrição - Em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, a legislação sobre a deposição de baterias é bem mais restritiva que em outros Estados. Por causa disso, a Suzaquim recebe grande quantidade de material dessas regiões. Apesar de haver legislação federal sobre o assunto, a estadual e a municipal se sobrepõem. "O custo para reciclar o material, R$ 981,00 por tonelada, ainda é muito alto. Se tivéssemos condições de manter as máquinas funcionando direto, esse valor cairia muito", diz Fátima. Se o preço fosse mais baixo, a empresa poderia fazer o trabalho a custo zero para organizações não-governamentais. De acordo com o superintendente de meio ambiente da Motorola, Luiz Ceolato, a empresa vai enviar até o fim deste mês um total de 50 toneladas de baterias para reciclagem na Societé Nouvelle D´Affinage Des Métaux, na França, que tem um acordo com a fabricante de celulares. "A empresa usa o método pirometalúrgico para reciclar as baterias. Não tenho conhecimento de que no Brasil exista outra que tenha processo semelhante. Mas a Motorola nunca avaliou a possibilidade de reciclar o produto no Brasil", afirma. De acordo com Ceolato, o aparelho também pode ser reciclado. Ele não sabe informar, entretanto, por que as empresas não dão um destino mais adequado ao equipamento. Procuradas, a LG e a Gradiente não retornaram as ligações.

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