Retirar ovário pode prevenir câncer, mostra estudo

O trabalho, coordenado pelo médico Kenneth Offit, demonstrou que o risco de aparecimento da doença foi 75% menor no grupo que se submeteu à cirurgia, feita em 101 mulheres com mais de 35 anos. Em três das pacientes foi diagnosticado o câncer de ovário antes da operação

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Por Agencia Estado
Atualização:

Pesquisa apresentada, nesta segunda-feira, no Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, em Orlando, promete esquentar a discussão sobre a retirada do ovário como forma de prevenção contra o câncer. Os efeitos dessa medida, considerada extrema por muitos especialistas, foram avaliados em estudo do Memorial Sloan-Kettering Cancer, com 173 mulheres portadoras de mutações nos gene BRCA1 ou BRCA2, que aumentam o risco do desenvolvimento de câncer de ovário e de mama. O trabalho, coordenado pelo médico Kenneth Offit, demonstrou que o risco de aparecimento da doença foi 75% menor no grupo que se submeteu à cirurgia, feita em 101 mulheres com mais de 35 anos. Em três das pacientes foi diagnosticado o câncer de ovário antes da operação. Passados dois anos, três mulheres do grupo haviam desenvolvido câncer de mama, e uma, câncer de ovário. No grupo de 72 mulheres que mantiveram o ovário, foram constatados 8 casos de câncer de mama, 4 de ovário e 1 de peritônio. A relação entre a retirada do ovário e a proteção contra os cânceres é explicada pelos médicos. Em muitos casos, o crescimento das células tumorais é estimulado pela ação do estrógeno. Sem o ovário, não há a produção do hormônio e, com isso, interrompe-se o estímulo para o crescimento das células tumorais. "O trabalho mostra que a retirada do ovário sem dúvida traz um efeito protetor", avaliou a médica Olufunmilayo Olopade, da Universidade de Chicago. "A questão é que ainda não sabemos quais são os efeitos colaterais dessa cirurgia a longo prazo." Mutações no BRCA são encontradas em 4% a 10% das pacientes com câncer de mama e de ovário. Mulheres com essas alterações têm um risco de 60% de desenvolver câncer de mama, e entre 15% e 65% câncer de ovário. Nesta segunda, também foi apresentado estudo sobre os efeitos do Glivec, primeiro medicamento desenvolvido a partir de conhecimento genético. Lançado no ano passado para tratar leucemia mielóide crônica, o remédio foi alvo de uma pesquisa que avaliou 1.106 pacientes. "Os resultados demonstram que a droga é superior ao medicamento considerado de primeira escolha, o interferon", anunciou o autor do estudo, Brain Druker. "Não podemos falar em cura ou prever o quanto ele pode aumentar a sobrevida do paciente." Mas, disse, o Glivec apresenta menos efeitos colaterais do que a terapia indicada. A repórter viaja a convite da Aventis.

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