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Rio Grande do Sul vai diminuir poluição da suinocultura

Projeto tem objetivo de diminuir contaminação causada pela criação de porcos na região noroeste do Estado, que corresponde ao esgoto de 5 milhões de pessoas

Por Agencia Estado
Atualização:

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul iniciou, nesta semana, um programa para controle da contaminação ambiental decorrente da suinocultura no Estado. O projeto conta com recursos de US$ 4 milhões, do Banco Mundial, e deverá atingir 1.135 produtores rurais da bacia hidrográfica dos rios Turvo, Santa Rosa e Santo Cristo, que inclui 57 municípios da região noroeste, na divisa com a Argentina. Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, Cláudio Langone, ?é o primeiro projeto de grande escala no Estado para transformar um conflito ambiental numa potencialidade econômica, já que a solução dos problemas causados pelo setor é um passo fundamental para sua viabilização econômica, principalmente em função das exportações?. A região tem 502 mil porcos para 370 mil habitantes, mais de um animal por habitante. Para se ter a dimensão dos impactos causados pela atividade, esse rebanho produz o esgoto equivalente ao de uma população de 5 milhões de pessoas. O principal objetivo do programa é reduzir o lançamento de dejetos de suínos nos rios, para assegurar as condições de abastecimento público, o consumo humano e o desenvolvimento de atividades produtivas e de lazer. A primeira medida será a realização de um diagnóstico quali-quantitativo nas duas sub-bacias mais críticas - do rio Santo Cristo, que abastece Santa Rosa, e do rio Lages do Erval Novo, que abastece Três Passos -, para definir as intervenções. Segundo o coordenador do programa, Eugênio Spengler, o município de Três Passos já chegou a ter o abastecimento suspenso, porque a quantidade de matéria orgânica no rio não permitia o tratamento da água. Intervenções Entre as atividades previstas, estão a capacitação dos produtores rurais, para a realização do manejo correto dos dejetos, assim como de 150 técnicos que darão assistência de campo. Além disso, serão realizadas adaptações nas construções das pocilgas que apresentam problemas de acabamento, como falta de calhas, que evitam a entrada de água de chuva e a contaminação dos rios. Conforme Spengler, as unidades localizadas em Áreas de Preservação Permanente - margens de rios e arroios - deverão ser transferidas, para poderem se regularizar e receber recursos. ?Em alguns casos, onde a localização é incompatível com a suinocultura, vamos fazer a conversão para outras atividades, que garanta a renda do proprietário?. Será incentivada, ainda, a mudança do modo de produção tradicional para a criação em compostagem, que consiste em acomodar o animal em ?camas? de casca de arroz, bagaço de cana, entre outros. ?Esse sistema usa menos água e produz resíduos secos, que podem ser usados como adubo e são muito menos impactantes.? O coordenador explica que a utilização dos dejetos como adubo será precedida de estudos sobre o tipo de cultura, de solo, relevo e possibilidade de inundação. ?O processo resultará também na implantação de um novo padrão de licenciamento ambiental e na certificação de produtores que não estão integrados a uma empresa ou cooperativa?, diz. A indústria participa do processo, através da disponibilização de técnicos e assessoria aos produtores. O projeto piloto deverá envolver todas as propriedades produtoras na região até 2004, quando será avaliada a melhoria da água nas sub-bacias e a expansão do programa para todo o Estado. O Rio Grande do Sul possui uma população de 4 milhões de porcos, que representam 15% do rebanho nacional, e é responsável por 25% das exportações brasileiras de carne suína.

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