29 de abril de 2010 | 17h36
Andre Ng, que realizou a cirurgia na quarta-feira estando fora do centro cirúrgico, disse à Reuters que tudo correu bem e que a arritmia do paciente britânico, de 70 anos, voltou ao normal em uma hora.
"Superou nossas expectativas e conseguimos aquilo a que nos dispusemos em um ótimo tempo", disse Ng, consultor de cardiologia e eletrofisiologia do Hospital Glenfield, em Leicester.
A cirurgia robótica vem se tornando comum em países ricos, e pode ser usada em pacientes com câncer ginecológico, renal e de bexiga, e com doenças arteriais e coronarianas.
Ng disse ter sido o primeiro médico do mundo a realizar esse tipo de cirurgia por controle remoto num paciente humano usando o chamado Sistema Remoto de Manipulação por Cateter, desenvolvido pela empresa norte-americana Catheter Robotics.
O procedimento feito por Ng envolvia a introdução de cateteres em vasos sanguíneos na virilha, que então eram guiados até as cavidades cardíacas.
Eletrodos nos cateteres gravam e estimulam diferentes regiões do coração, para ajudar o médico a identificar a causa da arritmia, que normalmente é provocada por um problema no "sistema elétrico" do coração.
Com a área identificada, um dos cateteres é colocado no lugar certo para cauterizar (queimar) o tecido, curando o problema. A cauterização por cateter tem sido feita há duas décadas nesses casos.
Apesar de ter ficado fora do centro cirúrgico, Ng disse que sentiu "completo controle" e que podia ver e conversar com outros profissionais que estavam junto ao paciente.
A principal vantagem do método é que o cirurgião não precisa usar os pesados coletes de chumbo exigidos em centros cirúrgicos, por causa dos raios-X que revelam o que acontece dentro do paciente.
Em operações longas e complexas, o peso adicional contribui para deixar o médico mais cansado e, portanto, menos concentrado.
"Como eu estava sentado, num ambiente relaxado e controlado, e sem ter de vestir um pesado colete de chumbo, foi na verdade uma experiência agradável", disse Ng.
"Acho que certamente seria possível no futuro fazer isso a partir de outra cidade, ou mais longe. Só é preciso ter uma conexão confiável entre o seu controlador remoto, onde o operador está, e o braço robótico, onde o paciente está. Se houver uma conexão suficientemente confiável, dá para fazer isso de qualquer lugar do mundo."
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