Roraima volta a queimar

Alguns dias sem chuvas fortes já foram suficientes para reacender as frentes de fogo, que ameaçam a Estação Ecológica de Maracá

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Por Agencia Estado
Atualização:

A esperada estação das chuvas de Roraima ainda não se instalou de fato e alguns dias de estio já foram suficientes para os focos de incêndio voltarem a se multiplicar. De acordo com as imagens dos satélites NOAA, processadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Embrapa Monitoramento por Satélite (CNPM), na primeira semana de abril foram detectados 306 focos de fogo no estado. Isso corresponde a menos da metade da média registrada nas três primeiras semanas de março, que ficou em torno de 700 focos, mas é demais para abril. Sobretudo porque, com as primeiras chuvas fortes, o índice da última semana de março já havia baixado para apenas 57 focos. As maiores concentrações de frentes de fogo ocorreram no centro do estado de Roraima e estão associadas a áreas de ocupação, próximas às rodovias Manaus-Caracaraí-Boa Vista (BR-174) e Perimetral Norte (BR-210). Alguns focos mais isolados, porém importantes, atingiram terras indígenas e chegam até a Serra do Parima, na fronteira com a Venezuela, bem a oeste de qualquer estrada, o que levanta suspeitas de atividades ilegais. O fogo ameaça, em especial, a Estação Ecológica de Maracá, de 101 mil hectares, que foi atingida também no grande incêndio de 1998. Maracá é uma grande ilha fluvial, localizada no rio Uraricoera e caracterizada como um mar de colinas, 95% das quais cobertas por floresta úmida densa. Os outros 5% são de vegetação aberta, tipo savana, mais sujeita a incêndios. Não é possível saber, pelas imagens do satélite NOAA, se os focos estão na área de floresta ou no trecho de vegetação aberta. Os incêndios reiniciaram no dia 29 de março, quando o serviço especial de detecção de focos em unidades de conservação e terras indígenas do Inpe registrou 8 focos em Maracá e 9 na Terra Indígena Yanomami. Os registros diminuíram nos primeiros dias de abril, mas, na última segunda feira, dia 7, já eram 35 focos em Maracá e outros 7 em diversas áreas indígenas de Roraima. Na terça, dia 8, permaneciam acesos 6 focos de alta intensidade na estação ecológica, que arderam da manhã até a madrugada, pois foram detectados em duas passagens diferentes dos satélites NOAA. E, hoje, o satélite da manhã apontou 11 focos, ainda em Maracá. Reedição do Programa Fogo O programa de assinaturas de protocolos municipais para controle e racionalização do uso do fogo em áreas agrícolas, conhecido anteriormente como Fogo: Emergência Crônica, será retomado. O relançamento aconteceu hoje (9/4) no Acre, com a presença de representantes do Ministério das Relações Exteriores da Itália, país que já financiava o programa, interrompido no ano passado. Com o novo nome de projeto Fogo: Amazônia Encontrando Soluções, o programa será coordenado por Sérgio Guimarães, do Instituto Centro de Vida. No programa, a assinatura de protocolos municipais de controle do fogo é precedida de reuniões entre representantes da sociedade civil, produtores agrícolas, técnicos de governo e prefeituras, que buscam acordos comunitários para reduzir o uso do fogo e tentar eliminar os riscos de incêndios decorrentes do descontrole de queimadas agrícolas. Na primeira fase, iniciada em 1999, o programa obteve acordos em 29 municípios do Pará, Acre e Mato Grosso, que efetivamente reduziram os índices de focos. Clique aqui para ver o mapa de queimadas

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