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Rússia não garantirá redução de gases prevista em Kyoto

Analista de finanças ambientais afirma que emissão de poluentes aumentou desde a definição do tratado, em 1997

Por Agencia Estado
Atualização:

A provável ratificação do Protocolo de Kyoto pela Rússia não será suficiente para cortar as emissões globais a níveis 5,2% menores do que em 1990, como determina o acordo internacional pela redução de gases poluentes causadores do aquecimento global, firmado na cidade japonesa em 1997. "É preciso entender que o protocolo é um esforço para reduzir as emissões. Da década de 90 para cá, os países já aumentaram muito suas emissões e não será possível atingir em 2012 as metas estabelecidas por ele", explica Nuno Cunha e Silva, diretor da Ecosecurities, empresa especializada em finanças ambientais, uma das pioneiras na área. "Ele tem deve ser visto como um aprendizado." "A aprovação pela Rússia não resolverá o problema. A situação é muito mais complexa. Ninguém fez um inventário de quanto os países conseguem vender de créditos de carbono. Sem isso, fica difícil fazer qualquer previsão sobre o protocolo", diz Carlos Martins, da Ecoinvest, também especializada em finanças ambientais. Na quinta-feira o governo russo enviou o projeto de ratificação ao parlamento, que ainda tem de aprová-la. Deve haver grande resistência na Casa. "Temos russos trabalhando na nossa empresa e eles acham que a decisão vai demorar", diz Cunha e Silva. A discussão está prevista para começar ainda neste mês e, se aprovada no parlamento, a ratificação deve ocorrer atéo fim do ano, segundo as previsões do vice-primeiro-ministro russo Alexander Zhukov. A adesão da Rússia é fundamental. Para começar a vigorar, o Protocolo de Kyoto precisa ser ratificado por países que representavam em 1990 pelo menos 55% das emissões globais 1990. Os EUA são os maiores emissores de gases, respondendo por 36,1% do total mundial, mas decidiram não ratificá-lo. A Rússia, o terceiro maior emissor - depois da China, que atingiu a casa dos 18% das emissões globais -, seria o único país capaz de se juntar aos 125 que já ratificaram o protocolo, fazendo atingir o índice mínimo.

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