Rússia tem sinal verde para aderir ao Protocolo de Kyoto

Não há mais obstáculos para Putin ratificar o tratado, que passa a vigorar 90 dias depois da assinatura

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Por Agencia Estado
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Mais rápido do que se imaginava e com menos resistência do que se previa, o Parlamento russo aprovou o projeto do presidente Vladimir Putin para ratificar a adesão da Rússia ao Protocolo de Kyoto. A Câmara Alta deu sinal verde nesta quarta-feira, com um apoio maciço: 139 votos a favor e um contra. Agora, Putin pode assinar a ratificação e, com isso, fazer entrar em vigor em 90 dias o tratado que estabelece metas para a redução das emissões de gases poluentes na atmosfera. O protocolo precisava da adesão de pelo menos 55 países industrializados que, em 1990, eram responsáveis por 55% das emissões de gases poluentes no mundo. A Rússia representa cerca de 17% das emissões globais e era o único país capaz de fazer o tratado vigorar, já que os Estados Unidos (o maior emissor de gases, com 36,1% do total) rechaçaram o protocolo após o início da administração Bush. Menos de um mês Mesmo na Câmara Baixa, onde a resistência à adesão russa era maior, o projeto de Putin passou sem problemas, com 334 votos a favor e 73 contra. O projeto tramitou em uma semana no Parlamento. Todo o processo, desde a decisão do governo até a aprovação no legislativo russo, durou menos de um mês, contrariando as previsões de que somente em 2005 o assunto seria resolvido. As maiores pressões vinham do setor industrial, com representantes dentro do próprio governo, contrários a medidas que podem limitar a produção. O Protocolo de Kyoto estabelece que, até 2012, os países relacionados reduzam as emissões a uma taxa média 5,2% menor do que a registrada em 1990. O setor industrial russo, usando o mesmo argumento dos EUA, vê nessas metas um limitador para suas atividades. Trocas Putin anunciou o envio do projeto ao Parlamento no final de setembro, depois de anos fazendo acenos contraditórios aos EUA e à Europa. Com os americanos, ele indicou que ficaria fora do tratado em troca de apoio político e econômico; à Europa, favorável ao protocolo, avisava que ia aderir, esperando também compensações políticas e econômicas. A Europa, agora, deve apoiar a entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC). Os sinais mais fortes de Putin em favor da ratificação começaram a ser dados em maio. No final de setembro, o conselho de ministros anunciou a decisão de confirmar a adesão do país e, no início de outubro, o executivo enviou o projeto ao Parlamento.

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