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Sabão em pó ameaça mananciais de São Paulo

Fósforo presente nos detergentes é considerado pela Cetesb o detonador do desenvolvimento de algas nas represas

Por Agencia Estado
Atualização:

A presença de fósforo no sabão em pó é uma das principais causas da grande quantidade de algas nas represas de São Paulo. Essas algas, além de alterarem o gosto da água, são potencialmente tóxicas. O problema foi detectado pela rede de monitoramento da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), que constatou altas concentrações de fósforo em 86% dos 149 postos de avaliação, nos rios e represas do Estado. ?Verificamos que esse quadro vem se agravando ao longo dos anos, principalmente em locais próximos aos aglomerados humanos e onde há esgoto doméstico?, disse José Eduardo Bevilacqua, gerente da Divisão de Qualidade de Águas da Cetesb, durante o workshop ?Implicações Ambientais e Alternativas quanto ao Uso de Fósforo em Detergentes em Pó?, realizado hoje, na Secretaria Estadual de Meio Ambiente. Nos sedimentos da Billings, responsável pelo abastecimento de 1,5 milhão de pessoas, a concentração desse nutriente chega a ser dez vezes superior à encontrada em ambientes aquáticos normais. O objetivo do encontro, segundo Bevilacqua, é trocar informações com o setor produtivo e criar uma Câmara Ambiental, reunindo representantes da indústria e do governo, para encontrar uma solução para o problema. ?Estimamos que 40% do fósforo presente no esgoto venha das dietas humanas, mas uma grande quantidade é relativa ao uso doméstico de produtos de limpeza, sendo os detergentes em pó os maiores contribuintes?, explica. O fósforo representa cerca de 3,5% da composição dos detergentes em pó, o que representa, pelos cálculos da Cetesb, 25 toneladas/dia dessa substância depositadas nos mananciais da Região Metropolitana de São Paulo. ?Isso significa um aumento de até 150% da presença de fósforo no esgoto?, diz. Os técnicos da Cetesb consideram o fósforo um fator fundamental para o crescimento das algas nas represas. ?Ele é o gatilho para a proliferação, com o agravante de ser uma substância não biodegradável e difícil de ser retirada pelos tratamentos convencionais da água. O fósforo alimenta as algas que crescem, morrem e crescem de novo. Além disso, é cumulativo na água e nos sedimentos, causando graves efeitos principalmente em épocas de estiagem?, explica Bevilacqua. Como um fórum consultivo, envolvendo todos os setores envolvidos, a Câmara Ambiental terá um prazo de até 120 dias para apresentar uma proposta para minimizar o problema. ?Queremos discutir com a indústria soluções para o processo produtivo dos detergentes, já que a prevenção é mais barata e mais eficaz do que as ações corretivas, através do tratamento da água poluída?.

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