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São Paulo cria Selo Premium para carvão vegetal

Certificação incentiva carvão de reflorestamento, produzido sem mão de obra infantil, para fazer frente à produção ilegal, de madeira nativa.

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Duarte Nogueira, lançou hoje, na capital paulista, um selo de qualidade para o carvão vegetal produzido no estado, sem utilização de mão-de-obra infantil e de acordo com alguns padrões ambientais. O carvão certificado passa a usar o Selo Premium, com o adendo ?Produto de São Paulo?, como o adotado para cafés industrializados dos tipos Gourmet e Superior, desde o ano passado. O secretário ainda assinou um "Termo de Compromisso com a Qualidade do Carvão" com representantes do comércio, segundo o qual se garante a oferta do carvão certificado aos consumidores. ?Com a implantação do selo de qualidade para o carvão vegetal, os consumidores de São Paulo passam a ter a garantia oficial de que o produto foi produzido de maneira ecologicamente correta e socialmente justa", diz Duarte Nogueira. "Além de preservar a qualidade do produto, estaremos garantindo a qualidade de vida das pessoas envolvidas com a produção e a preservação do meio ambiente. E as empresas passam a ter um produto diferenciado, de maior valor agregado, o que acaba trazendo benefícios para toda a cadeia produtiva ". Para ser certificado, o carvão precisa ser produzido a partir de madeira de reflorestamento, com granulometria (tamanho dos pedaços) acima de 2,5cm e carbono fixo elevado. Esta última condição implica no controle do processo de queima do carvão, com melhor vedação dos fornos, de forma que a combustão seja mais completa e o produto final produza menos fumaça e gases tóxicos, ao ser posteriormente utilizado, em fornos e churrasqueiras. O carvoejamento também não pode usar mão de obra infantil e deve atender a normas de segurança de trabalho. A certificação fica sob a responsabilidade da Coordenadoria do Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro) e da Câmara Setorial de Produtos Florestais, órgãos ligados à Secretaria, que trabalharão em parceria com o Sindicato do Comércio Varejista de Lenha e Carvão Vegetal do Estado de São Paulo (Sincal), Federação de Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP) e Associação Paulista de Supermercados (APAS). Competindo com a ilegalidade São Paulo consome atualmente cerca de 18 mil toneladas de carvão vegetal por mês, das quais 10 a 11 mil toneladas são produzidas no estado, nas regiões de Salesópolis, Bragança Paulista, Pedra Bela e Mogi Mirim. São 1,5 mil produtores de carvão e 1,4 mil empresas distribuidoras. Do total produzido em São Paulo, 98% é proveniente de reflorestamentos de eucalipto, mas ainda há cerca de 2% oriundos do corte de madeira nativa, notadamente do Vale do Ribeira. O restante vem do Mato Grosso e é basicamente madeira de cerrado. ?A par da certificação, vamos trabalhar com o Sebrae, em cursos de treinamento e aperfeiçoamento das técnicas de carvoejamento, com o objetivo de aumentar o aproveitamento da matéria prima, utilizar os resíduos e desenvolver sub produtos, como o ácido pirolenhoso, que possam agregar valor ao carvão vegetal e reduzir a ilegalidade, que ainda existe no setor?, conta Arnaldo José Pieralini, presidente do Sincal. Segundo ele, a melhoria no sistema de vedação e queima, durante o carvoejamento, pode aumentar significativamente o aproveitamento da matéria prima, passando dos atuais 80 a 90 kg de carvão por 500 kg de madeira queimada para algo em torno de 130 kg de carvão por 500kg de madeira. ?As cinzas, hoje desperdiçadas, podem ser utilizadas como adubo na agricultura, e o pó de carvão, também jogado fora, pode ser agregado e transformado em produto, porque é carvão, só que na forma de pó?, continua Pieralini. O ácido pirolenhoso, obtido a partir da fumaça, é outro sub produto de uso agrícola, como substituto de agrotóxicos químicos, no combate a alguns tipos de praga. ?Pretendemos, dentro de um ano, tirar todo o setor da ilegalidade, ao oferecer condições do produtor certificado competir com a sonegação e o carvão proveniente de matas nativas, que tem preços de 35 a 50% mais baixos?.

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