Ocultos sob quilômetros de gelo, os lagos da Antártida requerem um uso criativo de tecnologia para que possam ser identificados e caracterizados. Agora, pesquisadores usando lasers montados em um satélite da Nasa conseguiram criar o mais completo mapa dos lagos que se mantêm ativos, drenando ou enchendo-se de água por baixo do gelo. As imagens revelam um sistema de escoamento em escala continental, escondido da vista.
"Embora o gelo da Antártida pareça estável, quanto mais o observamos, mais vemos que há atividade ali todo o tempo", disse, em nota, o cientista Benjamin Smith, da Universidade de Washington em Seattle, que chefiou o estudo.
Os lagos da Antártida sofrem a pressão do gelo acima, que pode empurrar a água por baixo, fazendo-a deslocar-se de um bolsão para outro. A água se desloca sob o gelo numa camada fina e larga, mas também por meio de um sistema de cavidades. Esse fluxo abastece lagos a grandes distâncias.
A compreensão do fluxo é importante, dizem os pesquisadores, porque a água pode lubrificar as geleiras, facilitando o deslocamento de massas congeladas para o mar, onde podem contribuir para a elevação do nível dos oceanos.
Pesquisadores chefiados por Smith analisaram mais de 4 anos de dados sobre a elevação do gelo obtidos pelo satélite Icesat, da Nasa, e criaram o mais completo inventário das mudanças no sistema de drenagem da Antártida. A equipe mapeou 124 lagos ativos, estimou a velocidade com que se enchem ou esvaziam e descreveram as implicações para a dinâmica do gelo em artigo no Journal of Glaciology.