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Setor têxtil prepara inventário ambiental

Em 2 anos, Abit espera levantar os principais dados ambientais, para atender a exigências de importadores e ampliar investimentos em produção limpa

Por Agencia Estado
Atualização:

Conhecer as quantidades e tipos de resíduos, efluentes ou impactos ambientais causados pelos processos industriais do setor têxtil brasileiro é um dos objetivos da Associação Brasileira da Industria Têxtil e de Confecção (Abit), que iniciou a fase de coleta de dados de seu inventário ambiental, o primeiro inventário setorial deste tipo a ser realizado no País. O projeto é ambicioso e pretende levantar, em dois anos, os dados de pelo menos 3 mil das maiores empresas, que correspondem a 10% do total de 30 mil empresas brasileiras. Contam, para isso, com a parceria da Agência de Promoção de Exportações (Apex), dirigida por Dorothéa Werneck. "Em primeiro lugar, queremos, com este inventário, responder aos importadores, sobretudo da União Européia, que se preocupam em saber quais os impactos ambientais causados durante a produção de nossas confecções. Em segundo lugar, pretendemos identificar dificuldades do setor para adotar tecnologias ou procedimentos mais limpos, de forma a poder oferecer cursos, treinamentos e orientações técnicas", diz Eduardo San Martin, diretor de meio ambiente da Abit. O setor têxtil brasileiro fatura, anualmente US$ 22 bilhões, e exportou, no ano passado, US$ 1,3 bilhão, tendo como maiores importadores a União Européia e os Estados Unidos. Até recentemente, a Argentina também era um grande importador, mas o volume comercializado diminuiu drasticamente com a crise do país vizinho. A avaliação dos números ambientais de toda a cadeia produtiva é uma tendência crescente nos países industrializados, onde o consumidor é cada vez mais exigente, e tem poder de boicote contra marcas. Porém, além da preocupação com o consumo sustentável e responsável, muitas vezes as questões ambientais são utilizadas como barreiras comerciais disfarçadas. "Queremos poder responder aos importadores europeus com o mesmo nível de informação, ou num nível até superior, do que eles têm sobre as empresas deles", acrescenta San Martin. Para isso são necessárias informações sobre toxicidade de produtos utilizados, processos de tratamento de água, e mesmo destinação de resíduos resultantes destes tratamentos, como é o caso do lodo de lagoas de decantação de efluentes. O questionário a ser respondido pelas empresas tem mais de 100 perguntas e 30 páginas, e foi elaborado com a ajuda de especialistas da Companhia de Tecnologia em Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb). "Para não inibir as empresas, no entanto, eu precisava garantir simplicidade para responder o questionário e sigilo quanto às informações contidas nas respostas", acrescenta o diretor de meio ambiente da Abit. A simplicidade está no tipo de formulário, disponível no site da associação, na Internet, onde pode ser também respondido, sem necessidade de download. As perguntas são vinculadas, de forma que as janelas com novas perguntas vão se abrindo conforme o tipo de resposta dado. Já o sigilo foi assegurado pela desvinculação da identificação da empresa e suas respostas, de forma que os dados sobre a empresa são automaticamente encaminhados para um cadastro da Abit, para controle de quem respondeu, e as respostas seguem direto para um banco de dados, do qual só serão extraídos números gerais.

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