Só 1% das indústrias brasileiras reaproveita água

Se o reúso fosse adotado em todas as indústrias, sobraria água potável para abastecer constantemente 8,2 milhões de pessoas

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Se todas as indústrias brasileiras reutilizassem a água que compram das concessionárias, liberariam cerca de 1,65 bilhão de litros por dia, suficientes para abastecer constantemente 8,2 milhões de pessoas. No entanto, no Brasil, onde mais de 7 milhões de pessoas ainda não têm água encanada, apenas 1% das indústrias faz o reaproveitamento. A estimativa foi feita com base em pesquisa da Hidrogesp, empresa especializada em geração, captação e tratamento de água. "Oito por cento das indústrias já entendem que é caro comprar água das concessionárias, é caro pagar o serviço de esgoto e é preciso parar de jogar esgoto no córrego", diz o diretor-geral da Hidrogesp, Antônio Cláudio Lot. Na indústria, pode-se reutilizar a água descartada no processo de produção em atividades secundárias. A água que sobrou da fabricação de papel, por exemplo, pode ser tratada e reaproveitada para lavar o chão da fábrica e os caminhões. Pode parecer pouca coisa, mas esse uso racional pode reduzir o consumo de água de uma indústria em até 70%. Na região metropolitana de São Paulo, o consumo industrial de água é de 4% do total, que é de 63 mil litros por segundo. As residências são as que mais consomem - 80%. Apesar disso, o impacto da reutilização pode ser maior com a adesão da indústria, que tem mais condições financeiras de investir em equipamentos. Para condomínios residenciais e comerciais, na maioria das vezes, a reforma para instalar máquinas e tubulações sai tão cara que não compensa. O bom negócio é incorporar o uso racional ao projeto de construção dos prédios. "Como a tendência é a água ficar cada vez mais cara, o reúso é cada vez mais viável e mais necessário. No futuro, a atividade será incorporada a todas as indústrias ambientalmente corretas", analisa o presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos, José Nilson Bezerra Campos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.