Sobrepesca ameaça espécies marinhas

Relatórios divulgados em Genebra mostram o declínio de polvos e peixes de mar. Brasil concentra esforços na racionalização da pesca de rio

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Por Agencia Estado
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A superexploração dos recursos pesqueiros nas costas da Mauritânia já reduziu à metade os estoques de polvos, nos últimos 4 anos, e algumas espécies como o espadarte, praticamente desapareceram. Estes são alguns dos dados de relatórios nacionais sobre pesca, divulgados hoje em genebra, durante workshop organizado pelo Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (Pnuma), com a participação da Organização Mundial de Comércio (OMC) e da Organização das Nações Unidas sobre Alimentação e Agricultura (FAO), entre outros. A principal discussão é a redução de subsídios à pesca, no comércio internacional. Nas águas da Mauritânia, na costa oeste da África, barcos europeus, japoneses e chineses foram autorizados a pescar, sobretudo camarões e polvos, mas os 251 navios-fábrica, que operam regularmente na área, não vem respeitando os limites da sustentabilidade. A má experiência deve influenciar a abertura das águas de Bangladesh aos pesqueiros internacionais, que vem sendo cogitada como alternativa de renda para a população costeira de um dos países mais pobres do mundo, sem capital para explorar os recursos pesqueiros abundantes, porém distantes do litoral. "Está claro que os países em desenvolvimento podem ganhar muito com o comércio pesqueiro, mas somente se as políticas forem reformuladas para garantir o manejo sustentável destes recursos", diz Hussein Abaza, chefe do departamento de Economia e Comércio do Pnuma. Para Klaus Toepfer, diretor do Pnuma, "Os estoques pesqueiros, em muitos países desenvolvidos, foram depauperados pelo excesso de foco sobre poucos peixes, freqüentemente com pesados subsídios. O resultado é a procura de outras regiões para pescar. É vital que a pesca insustentável do passado e do presente não seja exportada para o mundo em desenvolvimento". Prioridade para os rios No Brasil, o esforço do Ibama concentra-se no manejo racional dos recursos pesqueiros fluviais. Apesar de existir uma tendência da profissionalização da pesca de alto mar, com o arrendamento de navios-fábrica, que exploram áreas e espécies inacessíveis aos pescadores artesanais, o órgão regulador tem se concentrado mais nas águas interiores. Uma expedição para avaliar os recursos pesqueiros, do Ibama, está em curso no rio Amazonas, devendo trazer dados para formulação de planos de manejo mais abrangentes para a região. A pesca sustentável no Pantanal é assunto de um workshop, reunindo o órgão federal e as duas secretarias estaduais, do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, na próxima semana, para discutir o destino de 1,5 milhão de dólares do Programa Pantanal. José de Anchieta, diretor de fauna e recursos pesqueiros do Ibama quer prioridade para o planejamento racional dos recursos pesqueiros da bacia do Paraguai, envolvendo todos seus segmentos: turismo, pesca profissional, artesanal, esportiva, de subsistência, piscicultura e grandes empresas pesqueiras.

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