Sonda européia vai no encalço de cometa

Plano é chegar a 2 km do 67P/Churyumov-Gerasimenko e lançar uma unidade de pesquisa sobre sua superfície gelada, que guarda segredos sobre a formação do sistema solar

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Por Agencia Estado
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Na madrugada desta quinta-feira começa a contagem regressiva para uma jornada espacial que deverá durar mais de dez anos. A sonda Rosetta, desenvolvida pela Agência Espacial Européia (ESA), será lançada em um foguete Ariane-5 da base de Kourou, na Guiana Francesa, rumo ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, que, dentro de uma década, estará a 675 milhões de quilômetros do Sol. O plano é chegar a 2 quilômetros do cometa e, pela primeira vez, lançar uma pequena unidade de pesquisa sobre sua superfície gelada, que guarda segredos valiosos sobre a formação do sistema solar. Empurrão gravitacional O trajeto até o cometa está longe de ser uma linha reta. Para chegar até ele, a Rosetta terá de dar quatro voltas em torno do Sol, incluindo três passagens pela Terra e outra por Marte, para pegar um empurrão na força gravitacional dos planetas. O Churyumov-Gerasimenko ? assim chamado em homenagem aos astrônomos que o descobriram, em 1969 ? tem 4 quilômetros de diâmetro e passa pelo Sol a cada 6,6 anos, em uma órbita elíptica pelo sistema solar. O encontro com a Rosetta, agendado para maio de 2014, deverá ocorrer no momento em que o cometa estiver dormente, perto do ponto mais distante de sua órbita. A partir daí, com a unidade de pesquisa propriamente ancorada à superfície, a sonda deverá acompanhar o astro por mais dois anos, à medida que ele se aproxima do Sol e as partículas de gelo e gás começam a ser arrancadas de seu núcleo pelo vento solar. Relíquias do sistema solar Pesquisas indicam que os cometas são relíquias do sistema solar em construção. Para entender exatamente do que são feitos e como funcionam, a Rosetta estará equipada com 11 instrumentos científicos e a sonda de pesquisa, com nove. A unidade, de apenas 100 quilos, é basicamente uma caixa metálica com três pernas. Assim que tocar no cometa, ela deverá lançar um arpão que a manterá presa à superfície. A missão representa um desafio tremendo para a ESA, que recentemente perdeu a sonda Beagle 2 em Marte. O projeto, de 1 bilhão de euros, conta com a participação de 14 países europeus e da Nasa, a agência espacial americana, que forneceu alguns dos instrumentos. Se tudo correr bem, a aventura terminará em dezembro de 2015, com uma nova e triunfal passagem de retorno pela Terra.

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