Sucata eletrônica se transforma em fonte de renda para famílias do Cairo

Mulheres reciclam resíduos eletrônicos e reparam velhos computadores.

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Por Efe
Atualização:

CAIRO - A decisão do governo, segundo Nasr, obrigou as famílias dos "zabalín" (recolhedores de lixo, em árabe) a buscarem outras fontes de renda. Antes elas se dedicavam à criação de porcos entre toneladas de resíduos, nas encostas da montanha de Muqatam, no leste da capital egípcia, mas foram prejudicadas com a epidemia da gripe A.

 

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Com o objetivo de conseguir um novo emprego a partir da única fonte que sobrou, o lixo, as mulheres participam há um ano de um programa de formação da associação de Nasr para reciclar resíduos eletrônicos e reparar velhos computadores.

 

Uma das alunas é Orin Hanna, uma jovem casada de 27 anos e com dois filhos, que garante estar satisfeita com a rotina na oficina, onde trabalha três dias por semana. "Agora só ganhamos 100 libras (o equivalente a US$ 17) a cada três meses. Esperamos que o projeto cresça e que o dinheiro melhore", afirmou a cristã, maquiada e enfeitada com chamativos pendentes, enquanto desmontava um leitor de CD.

 

O pequeno lucro do projeto se deve, de acordo com Nasr, com o público consumidor. "Todos os equipamentos são vendidos aos moradores do bairro por um preço baixo", diz Nasr, rodeado de cabos, monitores, impressoras e centenas de discos rígidos.

 

Algumas empresas egípcias doam à associação aparelhos eletrônicos obsoletos, que chegam até a sede da organização localizada num beco sombrio repleto de moscas e contêineres de lixo. "Geralmente são equipamentos quebrados e que funcionam com versões de 'Windows' desatualizadas", explicou Nasr, que ressaltou que agora as pessoas o procuram para entregar os computadores antigos.

 

Na sua opinião, "a chegada de notebooks e das telas planas" contribuíram para aumentar as doações para o programa, apoiado pela fundação do criador da Microsoft, Bill Gates e sua esposa Melinda. Outro desafio é ensinar inglês para as integrantes do projeto. Sohag Kamel, de 29 anos, que não sabia o idioma usado em todos os dispositivos de informática, já sente um progresso. "Sempre perguntava ao professor e depois ia para casa para aplicar o que aprendia. Agora já posso consertar meu próprio equipamento", confessou orgulhosa.

 

Entre brincadeiras e longas discussões, as mulheres iniciam o conserto dos aparelhos com o exame do equipamento e a decisão de repará-lo ou de desmontá-lo para vender suas peças. O responsável da ONG acrescentou que em alguns casos, reciclaram monitores que se empilhavam num dos cantos da sala e os transformaram em televisores.

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A iniciativa, que tem o objetivo de empregar 70 moradoras do bairro, "tem futuro porque sempre haverá equipamentos obsoletos e a tecnologia avança numa velocidade impressionante", sugeriu Nasr.

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