04 de outubro de 2014 | 12h36
Uma sueca tornou-se a primeira mulher do mundo a dar à luz depois de passar por um transplante de útero, abrindo a possibilidade para que milhares de mulheres inférteis possam ter filhos, disse neste sábado o médico responsável pelo projeto de pesquisa.
Ela foi uma das sete mulheres que se submeteram com sucesso a um transplante de útero de um doador vivo -- na maioria dos casos a mãe da destinatária -- e, posteriormente, fez o tratamento de fertilização in vitro.
"Há mais algumas grávidas", disse Mats Brännström, professor de obstetrícia e ginecologia na Universidade de Gotemburgo, à Reuters. "Elas estão com mais de 28 semanas de gravidez."
Brännström disse que outros hospitais em toda a Europa, Estados Unidos, Austrália e China estão esperando pelos resultados da pesquisa sueca antes de iniciar seus próprios programas.
"Quando tivermos os resultados de outros estudos, saberemos o quão eficaz é o procedimento e quais são os riscos", acrescentou.
Os avanços médicos para tratamento de infertilidade e a ajuda às mulheres para engravidar têm suscitado debate ético generalizado, com alguns críticos dizendo que os cientistas não deveriam "brincar de Deus".
Outros questionam a moralidade de gastar enormes somas para permitir que as mulheres engravidem quando elas têm a opção de adotar.
Brännström disse que o tratamento, o primeiro disponível para as mulheres que nasceram sem útero viável ou que tiveram seu útero removido por causa de câncer, é "uma questão de justiça".
"Se decidirmos enquanto sociedade que a infertilidade é um tipo de doença, devemos tentar tratá-la", disse ele.
Cerca de 200 mil mulheres na Europa sofrem de infertilidade uterina. Brännström disse que o transplante era "a única solução para o problema", embora fosse muito cedo para dizer se o procedimento, que custa cerca de 100 mil euros (125 mil dólares), se tornaria comum.
A Universidade de Gotemburgo tem permissão para fazer dez transplantes de útero com até duas gestações completas para cada mulher.
A universidade já tratou nove mulheres, duas das quais tiveram que ter seus úteros transplantados removidos. Todas as mulheres tratadas terão seus úteros removidos novamente após a gravidez.
"Este é o primeiro tipo de transplante que é temporário", disse Brännström.
A primeira gravidez do programa foi confirmada na primavera do hemisfério norte e o bebê de 1,775 kg nasceu por cesariana depois que a mãe desenvolveu pré-eclâmpsia na 32ª semana de gravidez.
"O bebê chorou imediatamente e não exigiu qualquer outro cuidado além da observação clínica normal na unidade neonatal", disse Brännström em um comunicado.
"A mãe e a criança estão muito bem e voltaram para casa. Os novos pais, naturalmente, estão muito felizes e agradecidos."
(Por Simon Johnson)
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