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Suspeita de vazamento de césio isola universidade no Paraná

Um funcionário da UFPR teria percebido a cápsula de material radiativo caída e comentou com o superior

Por Evandro Fadel
Atualização:

A suspeita de vazamento do isótopo radioativo césio 137 no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná, no bairro Jardim das Américas, na manhã desta quinta-feira, 5, levou o Corpo de Bombeiros a retirar todas as pessoas que estavam no prédio e a isolar uma área correspondente a um quarteirão. Os estudantes somente voltaram às salas de aula depois que a possibilidade de contaminação foi descartada.

 

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Servidores do caso césio 137 em GO vão receber pensãoChineses anunciam perda de peça radioativa em fábricaO tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Luiz Henrique Pombo, contou que tudo começou na sexta-feira na Estação Experimental do Canguiri, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, onde há um depósito de materiais inservíveis da UFPR. "Uma empresa foi fazer arrumação do local e a cápsula caiu de dentro de um dos equipamentos, mas, como são pessoas contratadas e não conhecem, não deram importância", afirmou Pombo. Hoje, um funcionário da UFPR teria percebido uma cápsula caída no depósito e comentou com o superior, que pediu para que a levassem até o Centro Politécnico. Quando chegaram, uma engenharia ambiental viu o símbolo do césio 137 e percebeu que a parte externa estava rompida. Foi quando a UFPR chamou os bombeiros, que acionaram também a Defesa Civil e a Vigilância Sanitária."Assim que chegamos, isolamos a área e fizemos algumas medições na cápsula, que eliminaram a possibilidade de vazamento e contaminação do ambiente", garantiu a física do Departamento de Radiações Ionizantes da Vigilância Sanitária, Margot Schimidt. A cápsula pesa cerca de 35 quilos, é recoberta com chumbo e tem cinco litros do material radioativo. Segundo o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, o rompimento da capa de proteção foi superficial. Ela ficará armazenada num cofre apropriado.O produto está legalmente cadastrado para uso em máquina de cintilografia na Farmacologia da UFPR. Pombo disse que caberá à Vigilância Sanitária a investigação sobre os motivos que levaram ao descarte do material em um depósito não apropriado. Pela legislação, a cápsula precisa ser enviada ao Centro Nacional de Energia Nuclear. "Houve imperícia no manuseio quando foi para o armazenamento", afirmou o tenente-coronel.Em setembro de 1983, em Goiânia, o césio 137 foi o responsável por um dos principais acidentes radioativos do País. Uma ampola tinha sido descartada indevidamente e acabou em um ferro-velho. O proprietário a abriu e, maravilhado com a luz azul que irradiava, a levou para casa e passou a mostrar a parentes e amigos. Quatro pessoas morreram e centenas ficaram contaminadas.

 

Sem césio

 

 A universidade informou, por meio de nota enviada no fim da tarde, que o equipamento que motivou a operação do Corpo de Bombeiros e da Vigilância Sanitária não continha o elemento radioativo césio 137. "O equipamento em questão é um cintilador líquido, da marca Beckman, que faz a medição de amostras radioativas de baixa intensidade. Mede a radioatividade de elementos como fósforo, iodo e carbono", disse a nota.

 

Ainda segundo a UFPR, o equipamento continha uma cápsula de césio 137, mas ela foi retirada no dia 3 de fevereiro pelo técnico Jairo Lima, da empresa Esalab Importação, Exportação e Comércio, responsável pela distribuição dos produtos e serviços da Beckman Coulter no Brasil. De acordo com a universidade, a cápsula era "de baixa intensidade, sem risco para a saúde".

 

A nota afirmou que o isolamento foi motivado apenas pelo invólucro em cujo interior tinha estado a cápsula. "A cápsula removida encontra-se lacrada num invólucro de chumbo, guardada temporariamente no Setor de Ciências Biológicas da universidade, até ser remanejada para uma unidade de armazenamento em São Paulo, autorizada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear, após a tramitação da documentação necessária, onde ficará em definitivo", disse a UFPR.

 

A entidade ressaltou, ainda, que não há perigo para a população, pois as propriedades radioativas só seriam mantidas por cerca de 30 anos, que é a idade do equipamento.

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