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Técnica permite a pai HIV positivo ter filho saudável

Método será aprensetado no Rio de Janeiro, na inauguração do centro de fertilidade do Hospital Barra D`Or

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma técnica de fertilização assistida permite que homens HIV positivos ou portadores do vírus da hepatite C tenham filhos saudáveis, sem contaminar suas mulheres. O médico italiano Luca Mencaglia, que coordena o Centro de Reprodução Humana de Florença, fez estudo com 43 casais. Desses, 22 conseguiram engravidar e os bebês, aos três meses de vida, não tinham aids nem hepatite C. A técnica consiste em preparar o esperma para diminuir ao máximo a possibilidade de transmissão do vírus, explica a embriologista Patricia Falcone, que foi assistente de Mencaglia na pesquisa. Patricia e Mencaglia estão no Brasil para apresentar o estudo nesta quarta-feira, no Hospital Barra D´Or, que inaugura seu centro de fertilidade. "É uma técnica muito específica, em que os espermatozóides são centrifugados, o que permite a eliminação do plasma seminal, rico em vírus", diz Patricia. A partir daí, os espermatozóides passam por lavagem e filtragem. Uma amostra do esperma já tratado é testado, para garantir que ele esteja livre de vírus. Numa segunda etapa, os médicos utilizam a técnica de fertilização assistida chamada de injeção intra-citoplasmática do espermatozóide (ICSI), em que somente um espermatozóide é selecionado e, então, colocado diretamente no óvulo. "É uma técnica complexa, que existe desde 1992, usada quando os homens produzem pouquíssimos espermatozóides. Nesse caso (da pesquisa), ela é indicada porque os homens não podem manter relações sexuais com as parceiras sem proteção, sob risco de contaminá-las", explica a médica Maria Cecília Erthal, coordenadora do Centro de Fertilidade da Rede D´Or, que está capacitado para oferecer a técnica estudada por Mencaglia. Entre os 43 casais que participaram do estudo, o homem era HIV positivo em 25 deles. Em 10 casais, o marido era portador tanto do HIV quanto do HCV (vírus da hepatite C). E, em oito, o marido tinha apenas o HCV. Os homens passaram por exames de sangue, espermogramas e avaliação genética. Foram aceitos aqueles com baixa carga viral. Todas as mulheres também foram testadas e nenhuma delas tinha HIV nem HCV. Houve fertilização em 70% dos casos, mas somente 52% mantiveram a gravidez (22 casais). "Essa média de 52% é o que é esperado em fertilização assistida e não tem a ver com o fato de os homens serem portadores de HIV nem de HCV", disse Maria Cecília.

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