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Tietê poderá ser navegável na capital em dois anos

Por Agencia Estado
Atualização:

Em pouco mais de dois anos, o Rio Tietê será navegável em grande parte do trecho que corta a capital. O Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) está construindo uma eclusa na barragem móvel existente sob as alças do Cebolão, junto à foz do Rio Pinheiros. A obra vai permitir que os barcos superem o desnível de 3,20 metros para cima e para baixo da barragem, que está sendo ampliada de 9 para 11 vãos. A navegação será possível com a conclusão das obras de aprofundamento e ampliação da calha do Tietê, prevista para outubro de 2004. O rio está se tornando, em média, 2,5 metros mais fundo no trecho de 24,5 quilômetros entre o Cebolão e a barragem da Penha, na zona leste. A largura está sendo ampliada de 28 para 40 metros. As obras, orçadas em R$ 688 milhões, vão reduzir as enchentes na capital. Todo esse trecho será navegável. Somado a outros 10,5 quilômetros já navegáveis rio abaixo, da barragem móvel até Carapicuíba, a hidrovia paulista terá 35 quilômetros. A eclusa, a primeira num raio de 150 quilômetros da Grande São Paulo, terá 100 metros de comprimento por 12 de largura, permitindo a passagem de comboios formados por duas barcaças e um empurrador. A obra fica pronta em 11 meses. Segundo o supervisor de projetos do DAEE, Júlio César Astolphi, no primeiro momento a hidrovia será usada para escoar a lama retirada do leito do rio. "Quando as águas estiverem mais limpas, nada impede que sejam navegadas por outros barcos", disse. A profundidade será suficiente para o tráfego de barcaças com cargas de até 700 toneladas. Astolphi considera de grande importância dispor dessa opção de transporte. "Estamos retirando 6,8 milhões de metros cúbicos de terra e lama do rio e, hoje, não temos alternativa senão transportar de caminhão pelas marginais." Para causar pouco impacto no trânsito, o transporte é feito durante a noite e a madrugada. Ele lembra que em alguns anos o rio terá de ser desassoreado novamente. "A opção mais barata e de menor impacto é levar o material em barcos." Uma barcaça substitui em média 30 caminhões. Os comboios levarão a carga até um depósito localizado à margem do rio, em Carapicuíba. A navegação pode ser considerada um subproduto do projeto de aprofundamento da calha, cujo principal objetivo é reduzir as enchentes. As obras são desenvolvidas em quatro frentes por empreiteiras que venceram as licitações. A lama do fundo do rio foi analisada. Nos pontos onde foi constatada a presença de metais pesados, como chumbo, alumínio e manganês, o material retirado é considerado contaminante e vai para depósitos licenciados. A capacidade de escoamento das águas do Tietê aumentará dos atuais 640 metros cúbicos por segundo para 1.040 metros cúbicos. Entre 1997 e 2000, o DAEE realizou obras semelhantes no trecho de 16 quilômetros entre a barragem móvel e o lago da barragem de Edgar de Souza, em Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Segundo Astolphi, a vazão maior não agravará as inundações em municípios rio abaixo porque ficará retida na barragem de Pirapora do Bom Jesus. Obras em execução nessa represa estão aumentando seu nível operacional em 40 centímetros. A construção de piscinões nos afluentes do Tietê na capital também deve contribuir para a redução de cheias. Segundo o superintendente do DAEE, Ricardo Borsari, dos 49 piscinões previstos nas bacias do Tamanduateí e do Pirajuçara, 13 ficaram prontos e 4 estão em obras. A prefeitura desenvolve outros projetos na bacia do Aricanduva. As obras na calha do Tietê fazem parte do projeto de despoluição do rio, em andamento desde 1992. Foram construídos 270 quilômetros de coletores de esgotos e 31,3 quilômetros de interceptores, além de três estações de tratamento. O índice de tratamento está sendo elevado de 20% para 60% dos esgotos coletados. A segunda fase do projeto, iniciada este ano, prevê a construção de 141 quilômetros de coletores e interceptores. Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp), houve melhoria nas condições das águas no interior. Em 1994, a mancha de poluição estava em Barra Bonita, a 250 quilômetros de São Paulo. Atualmente, recuou cerca de 120 quilômetros e está em Porto Feliz. Nesta cidade, ocorreu grande diminuição nos odores do rio.

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