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UFRJ cria molécula que combate leucemia

Equipe reproduz princípio ativo de plantas que compõem mistura usada no Nordeste para evitar cobras

Por Agencia Estado
Atualização:

Ao reproduzir o princípio ativo de uma mistura de plantas usada no Norte e Nordeste para evitar picadas de cobras, pesquisadores do Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais (NPPN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) criaram uma molécula sintética capaz de destruir células múltiplo-resistentes causadoras da leucemia (câncer no sangue). Se o medicamento vier a ser produzido em larga escala, será uma alternativa ao transplante de medula, que necessita de doador compatível - e a chance de achar um deles é de até 1 em 100 mil. A medula produz os componentes do sangue, incluindo as células brancas, agentes mais importantes do sistema imunológico. Experiências in vitro com a molécula sintetizada e células doentes mostraram que o novo composto destruiu totalmente células múltiplo-resistentes, que não haviam reagido a outros tratamentos anticâncer. Os cientistas não quiseram revelar que plantas integram o composto. Os primeiros estudos do NPPN com essa mistura de plantas começaram há 35 anos, quando outro grupo de pesquisadores trouxe do Nordeste uma garrafada vendida em feiras com o nome de Específico Pessoa. Os caboclos passavam a mistura no corpo para evitar picadas de cobras. A equipe do NPPN isolou o princípio ativo que teria as propriedades antiofídicas. Para descobrir a nova molécula, a equipe do coordenador do Laboratório de Química Bioorgânica, Paulo Roberto Ribeiro Costa, inspirou-se no estudo de pesquisadores americanos que descreveram uma ação anticancerígena numa planta americana com estrutura molecular semelhante à dos vegetais brasileiros. Decidida a testar essa hipótese, a equipe conseguiu reproduzir quimicamente em laboratório o princípio ativo do extrato e comprovar a eficácia contra células cancerígenas da medula. A próxima etapa será testar o composto em animais e pacientes de leucemia. Mesmo assim, pode levar de 10 a 15 anos para o medicamento entrar em escala industrial.

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